O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou, na quarta-feira (11), na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, da USP, do lançamento do livro “Lawfare, uma Introdução”, escrito pelos seus defensores Cristiano Zanin e Valeska Teixeira em conjunto com o advogado Rafael Valim. O alvo principal das críticas do líder petista foi a imprensa brasileira.
Em seu discurso, Lula disse que houve um acordo tácito da imprensa brasileira com Sérgio Moro. “Neste país houve um acordo tácito entre a imprensa brasileira e o coordenador da Lava Jato, que é o [ex-juiz Sergio] Moro. O Moro, antes de começar o processo, ele visitou o Estadão, visitou a Folha, visitou o Globo, visitou a Record, visitou Bandeirantes, visitou SBT e com isso conseguiu o seguinte acordo, num documento que ele publicou chamado Mani Puliti, em que está descrito que só era possível prender políticos, prender gente rica se a imprensa ajudasse”, disse o petista.
O lançamento do livro se deu no salão nobre da Faculdade de Direito, no Largo de São Francisco. A obra desenvolve a narrativa de que o ex-presidente é vítima de perseguição política por meio do Judiciário. No discurso, o ex-presidente acrescentou também a mídia como seus perseguidores.
“E qual era a ajuda da imprensa? Era tornar, junto à opinião pública, verdadeiras as mentiras que a força-tarefa, a Polícia Federal e o juiz contavam”, disse Lula. “Eu tinha certeza eles queriam evitar que o PT ou o Lula pudesse voltar a governar o Brasil em 2018. Eles passaram a transmitir o ódio no país a partir das manifestações em 2013 e aumentaram este ódio em 2014”, acrescentou.
Em outro trecho de seu discurso, Lula afirmou que quem roubou a Petrobrás foi a Operação Lava Jato. “Se houve uma quadrilha nesse país, ela se chama Lava Jato”, disse ele, ao referir-se à tentativa dos procuradores de destinar parte dos recursos devolvidos por alguns dos ladrões que assaltaram a estatal, para um fundo de R$ 2,5 bilhões organizado pela força-tarefa.
Estiveram presentes no evento, além de Lula, que se atrasou por uma hora, o ex-primeiro-ministro de Portugal José Sócrates e o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT). A ex-presidente Dilma Rousseff deveria participar do encontro para compor a mesa, mas não compareceu.
Antes do evento, a Faculdade de Direito da USP publicou uma nota para explicar a realização do debate com os ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff na sede da instituição. Segundo a direção do curso, o evento foi organizado pelo Centro Acadêmico XI de Agosto. A faculdade justificou que o auditório central é um “espaço aberto”.
SÉRGIO CRUZ