Inti Illimani, um dos conjuntos mais representativos da música popular chilena, se apresentou na quinta-feira, 12, emocionando dezenas de milhares de pessoas que se reuniram na Praça Itália – agora denominada de Praça da Dignidade -, no centro de Santiago. Ali, o grupo interpretou “O povo unido jamais será vencido” cuja versão é uma das mais famosas da conhecida canção de Sergio Ortega.
A presença do conjunto aconteceu no 57º dia de protestos contra a política neoliberal do governo conservador de Sebastián Piñera.
“Tínhamos a dúvida de se era oportuno fazer a apresentação ou não”, disse Horacio Salinas, líder do grupo, ao que a presença musical nos protestos acabou de convencer. “Tem me impressionado muito o Réquiem de Mozart ser tocado em diversos lugares de Santiago, com músicos com formação acadêmica. Isso fala de que a música não pode parar. A música é um espaço de unidade, que nos convoca a pensar. É um momento não só de paz mas de muita intensidade emotiva”, afirmou.
Horacio Durán, outro membro do grupo, assinalou que “minha convicção, desde os primeiros dias deste levante extraordinário, é que agora temos que demonstrar com o voto que a grande maioria dos chilenos quer uma mudança constitucional”.
Os integrantes do Inti Illimani, e outros artistas chilenos, tiveram que partir para o exílio com o golpe de Augusto Pinochet em 1973 e ficaram na Itália, onde continuaram seu trabalho musical denunciando a ditadura. Sua versão de “El pueblo unido jamás será vencido” foi conhecida nesses anos, junto com a do conjunto Quilapayún. Voltaram ao Chile em setembro de 1988, para participar do plebiscito que derrotou Pinochet e nos dias atuais estão integrados nas manifestações e protestos que exigem o fim da política anti-popular e neoliberal de Piñera, assim como sua criminosa repressão aos protestos.
SUSANA LISCHINSKY
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