A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) denunciou a criação de dezenas de milhares de contas falsas no Twitter para dizer que “não havia golpe na Bolívia” e defender a legalidade do desgoverno da autoproclamada presidenta Jeanine Áñez.
A massiva campanha de mentiras e desinformação nas redes sociais contra o presidente Evo Morales e o Movimento Ao Socialismo (MAS) era vitaminada por aplausos às medidas do governo ditatorial e o apoio ao presidente do Comitê Cívico de Santa Cruz, Luis Fernando Camacho, abertamente fascista.
“Os dados mostrariam ao redor de 68 mil contas criadas, as quais compartilharam 14 hashtags que foram compartilhados por 252.090 contas diferentes, que fizeram 1.048.575 tuítes de 9 a 17 de novembro”, detalhou a CIDH, em seu informe sobre a visita de observação a Bolívia, realizada em fins de novembro.
Órgão autônomo da Organização dos Estados Americanos (OEA), a CIDH identificou que entre os principais hashtags utilizados pelos golpistas estão precisamente o #NoHayGolpeEnBolivia (Não há golpe na Bolívia), #EvoEsFraude (Evo é fraude) e #EvoDictador (Evo é ditador).
Nas observações da CIDH também se encontram denúncias apresentadas por jornalistas independentes e comunitários que, devido à brutal censura imposta aos meios de comunicação, têm sido obrigados a se restringir a redes sociais ou blogs.
De acordo às denúncias, estes jornalistas estariam recebendo ameaças de morte e amedrontamento por parte de grupos de choque de extrema-direita tais como a “Resistência Juvenil Cochala”.
Em seu informe, a CIDH lembra da responsabilidade do Estado, particularmente numa situação de alta tensão e violência como a que se encontra mergulhada a Bolívia. Apontando que é igualmente importante o papel da imprensa no curso dos protestos sociais, a Comissão reitera que “o Estado deve garantir que a imprensa possa exercer seu trabalho jornalístico sem ser objeto de detenções, ameaças, agressões ou limitações de qualquer forma”.
Entre os inúmeros casos de atropelos, que não chegaram a ser analisados pela CIDH está o de José Aramayo, diretor do jornal Prensa Rural, sequestrado e amarrado a uma árvore por um bando de fascistas e o do assassinato do repórter argentino Sebástian Moro. Jornalista investigativo, Sebástian denunciava a ação das hordas fascistas contra partidários do MAS e foi encontrado completamente inconsciente, coberto de contusões, escoriações e arranhões, em La Paz, vindo a falecer seis dias depois de sua internação.
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