Deixando mais evidente o golpe perpetrado contra Evo, Luis Fernando Camacho Vaca, presidente do denominado Comitê Cívico de Santa Cruz, e agora candidato presidencial dos direitistas, disse durante uma reunião com apoiadores – gravada e viralizada em redes sociais – que José Luis Camacho Parada, seu pai, reconheceu que pactuou e coordenou os protestos com a polícia e outras forças de segurança para forçar a saída de Evo Morales da presidência da Bolívia, ocorrida no dia 10 de novembro passado.
Morales respondeu: “Camacho confirma fala com militares e policiais para derrocar meu governo”. Foi um golpe de Estado apesar de que a presidenta interina Jeanine Áñez, o líder opositor Carlos Mesa e o próprio Camacho tentam negá-lo. O vídeo é prova irrefutável. A justiça deve atuar contra os golpistas e genocidas.
Sobre o golpe que sofreu, Evo assinalou ainda que “nosso pecado é ter demonstrado ao mundo que é possível outra Bolívia sem o FMI, sem o Banco Mundial: uma nova sociedade com igualdade, uma nova identidade sem o sistema capitalista. O segundo pecado foi industrializar o lítio”, destacou o ex-presidente referindo-se ao centro industrial para fabricar baterias de lítio com altas tecnologias, sob controle do Estado, construído no país.
Em reunião do Movimento Ao Socialismo da Bolívia realizada no domingo, 29, em Buenos Aires, seu líder, Evo Morales, anunciou que em 19 de janeiro uma grande assembléia definirá e dará a conhecer o nome do candidato do MAS para as eleições presidenciais convocadas pelo governo autoproclamado, possivelmente para maio ou junho de 2020.
O encontro reuniu mais de meia centena de dirigentes de sete dos nove departamentos da Bolívia, equivalentes aos nossos estados, em um hotel da capital argentina.
“Nossa tarefa é reverter o golpe com eleições”, afirmou Morales, destacando que “agora convocaremos uma nova reunião com presidentes do MAS de todos os departamentos, e dirigentes dos movimentos sociais nacionais. Essa reunião se realizará aqui mesmo, em Buenos Aires, em 19 de janeiro”.
Ao ser consultado sobre os possíveis candidatos presidenciais, Morales destacou o ex-ministro de Economia Luis Arce, os ex-chanceleres Diego Pary e David Choquehuanca, e o jovem dirigente agrícola Andrónico Rodriguez.
A atual crise no país andino estourou depois das eleições de 20 de outubro em que Morales disputou um quarto mandato. A oposição argumentou que teria havido fraude e o presidente convidou a Organização de Estados Americanos, OEA, a realizar uma auditoria na votação. O organismo hemisférico apenas revistou 226 atas eleitorais de um total de 34 mil, e isso lhes bastou para avalizar as acusações. Evo de imediato convocou a realizar outra jornada eleitoral.
Morales renunciou em 10 de novembro, depois que a cúpula militar lhe “sugeriu” que se afastasse da presidência. Teve asilo no México, e atualmente está na Argentina, que o recebeu como refugiado.