28 famílias serão retiradas de região próxima à barragem Doutor da Mina de Timbopeba, gerenciada pela Vale, em Ouro Preto, na região central de Minas Gerais. A informação foi repassada durante entrevista coletiva na cidade na manhã desta quinta-feira (13) e, segundo a mineradora, em março será iniciado o plano de descaracterização da estrutura.
A decisão de evacuar a área abaixo da barragem, a chamada jusante foi da Prefeitura. “É uma ação preventiva de retirar famílias que moram próximo ao rio Tabuleiro. Tivemos mais de 500 ocorrências registradas pela Defesa Civil e ainda temos dois meses de período chuvoso pela frente. Os moradores vão ser cadastrados calmamente e serão levados para outros imóveis no próprio distrito. As crianças vão continuar frequentando a mesma escola. Já mapeamos alguns hotéis e outros imóveis”, explicou o prefeito da cidade Júlio Pimenta.
A barragem Doutor está em nível 1 do Plano de Ação de Emergência de Barragens de Mineração (PAEBM). Segundo a mineradora, a barragem não recebe rejeitos de mineração desde março de 2019.
A Vale, que após a sua privatização, foi responsável pelas tragédias de Mariana e Brumadinho, garante que “não há qualquer situação que exija a elevação de nível de emergência”.
NOVA LIMA
Na terça-feira (11), o nível da barragem Capitão do Mato, em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, foi elevado para nível dois de emergência.
A represa Capitão do Mato, de acordo com o Cadastro Nacional de Barragens de Mineração, abriga mais de 2 milhões de metros cúbicos de sedimentos de minério de ferro. A estrutura tem 36 metros de altura e tem dano potencial associado classificado como alto, isto é, em caso de desastre o vazamento causaria muitos problemas.
Capitão do Mato também estava, ao lado de outras nove represas, na lista das barragens em “severo risco de rompimento” em Minas Gerais, segundo documento da própria empresa divulgado pelo Ministério Público de Minas Gerais no ano passado.
Em caso de colapso da represa, segundo o documento, a lama poderia alcançar uma distância de 87 quilômetros, o que prejudicaria, além de Nova Lima, as cidades de Rio Acima, Raposos, Sabará, Belo Horizonte e Santa Luzia, todas na Grande BH.
Em linha reta, a parte superior da represa está distante apenas dois quilômetros do condomínio Morro do Chapéu e três do condomínio Miguelão, ambos em Nova Lima.
REFORÇO DURANTE O CARNAVAL
O Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG) recomendou que a prefeituras de Barão de Cocais, Santa Bárbara, São Gonçalo do Rio Abaixo, Itabirito, Nova Lima e Itatiaiuçu reforcem a sinalização e a divulgação de rotas de fuga durante o carnaval deste ano por causa de barragens que estão em nível de emergência nestas regiões.
De acordo com a Agência Nacional de Mineração, há 26 estruturas em Minas Gerais em estado de alerta. Dezoito delas estão em nível 1, que não requer a retirada de moradores das áreas de risco e nem o toque de sirenes. Ele significa estado de prontidão, indicando situação adversa na estrutura e controlável pela empresa.
Outras quatro estão em nível 2, quando sirenes são acionadas e planos de evacuação são colocados em prática.
E quatro estão em nível 3, quando há risco iminente de rompimento. São elas, a B3/B4, em Macacos; Forquilha I e Forquilha III, em Ouro Preto, e a Sul Superior, em Barão de Cocais.
De acordo com o MP-MG, a orientação é que o carnaval seja realizado em “espaços adequados, prevenindo a concentração dos foliões e os trajetos dos blocos”. Caso algum desfile aconteça em uma área considerada de risco em caso de rompimento, o órgão orienta os municípios a elaborarem um Plano de Evacuação de Emergência para a retirada segura das pessoas.