Jair Bolsonaro mudou a versão sobre o vídeo que divulgou convocando o ato para fechar o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF). Disse que a jornalista Vera Magalhães, do jornal Estado de S. Paulo, estaria mentindo quando afirma que ele convocou a manifestação golpista do próximo dia 15 de março, porque o ato que aparece no vídeo é de 2015. Ele só não explicou como aparece esfaqueado num vídeo de 2015, quando a facada foi em 2018.
Veja transcrição de um trecho do vídeo divulgado por Bolsonaro:
“Ele foi chamado a lutar por nós. Ele comprou a briga por nós. Ele desafiou os poderosos por nós. Ele quase morreu por nós. Ele está enfrentando a esquerda corrupta e sanguinária por nós. Ele sofre calúnias e mentiras por fazer o melhor para nós. Ele é a nossa única esperança de dias cada vez melhores. Ele precisa de nosso apoio nas ruas. Dia 15 de março, vamos mostrar a força da família brasileira. Vamos mostrar que apoiamos Bolsonaro e rejeitamos os inimigos do Brasil. Somos, sim, capazes, e temos um presidente trabalhador, incansável, cristão, patriota, capaz, justo, incorruptível. Dia 15 de março, todos nas ruas apoiando Bolsonaro”.
A jornalista Vera Magalhães, responsável pela notícia que Bolsonaro tentou desmentir, rebateu o presidente pelo Twitter e disse achar “perigoso a um presidente mentir em rede nacional”. “O presidente Jair Bolsonaro está disparando de seu celular pessoal um vídeo em tom dramático que mostra a facada que sofreu em 2018 em Juiz de Fora para dizer que ele “quase morreu” para defender o País e agora precisa que as pessoas vão às ruas no dia 15 de março para defendê-lo. O ato do dia 15 está sendo convocado por movimentos de direita em defesa do governo e contra o Congresso Nacional”, escreveu a jornalista.
Na live de quinta-feira (27), Bolsonaro disse que compartilhou um vídeo, mas de uma manifestação ocorrida em 2015. “A Vera Magalhães teria — olha só, Vera, como eu sou legal contigo, você teria recebido um vídeo, eu pedindo, sim, o apoio para manifestação de 15 de março de… 2015! Então, esse vídeo deve tá rodando por aí, vou botar no meu Facebook daqui a pouco, é um vídeo que eu peço o comparecimento na manifestação de 15 de março de 2015, que, por coincidência, foi num domingo”, disse Bolsonaro.
“E daí, pelo que parece, Vera Magalhães, você pegou esse vídeo, não posso afirmar que seja essa a história realmente, (porque) não sou da tua laia, então, em cima disso você fez a matéria que eu taria disparando WhatsApp pedindo apoio para o movimento do dia 15 de março agora”, prosseguiu o presidente.
Terminada a transmissão, a jornalista se manifestou pelo Twitter e postou prints do WhatsApp de Bolsonaro. “Aqui está o print que publiquei dos DOIS vídeos que o senhor enviou a seus contatos no WhatsApp neste feriado, e não em 2015. Veja que tem seu passeio de moto no Guarujá, depois seu texto, e os dois vídeos, presidente. Eles falam da facada que o senhor sofreu, que foi em 2018, e de sua eleição, também em 2018. Como podem ser de 2015?”, questionou. “Portanto aqui está a minha vergonha na cara. O senhor foi aconselhado a fazer essa live nesses termos? Acho perigoso a um presidente mentir em rede nacional. Acrescenta mais uma à sua lista de condutas impróprias. Um abraço”, acrescentou.