Enquanto Jair Bolsonaro incentiva e participa de protestos pelo fechamento do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal e contra os governadores, criando diversas aglomerações de pessoas, a pandemia do novo coronavírus avança no Brasil. Nesta segunda-feira (20), o país já contabiliza 2.575 vítimas fatais e o número de casos confirmados de Covid-19 é de 40.581 pessoas.
O número foi corrigido pelo Ministério da Saúde, que havia apontado inicialmente para 2.845 mortes. O erro ocorreu com os dados referentes ao Estado de São Paulo. Com o número corrigido, o índice de letalidade da doença chegou a 6,3%.
O estado com maior número de casos é São Paulo, com 14.580 registros de pessoas infectadas e 1.307 óbitos. Em seguida, o Rio de Janeiro possui 4.899 casos e 422 mortes registradas. Em situação de alerta, o Ceará tem 3.482 casos confirmados de Covid-19 e 198 mortes. Pernambuco tem 2.690 casos e 234 mortes.
Estados perto do colapso
Sem apoio concreto da União para enfrentar a crise, os estados vêem os sistemas de Saúde entrando em colapso, com leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) ocupados em quase sua capacidade máxima, em hospitais superlotados.
Rio de Janeiro, Amazonas, Ceará, Pará e Pernambuco já registram uma ocupação acima de 90% dos leitos de UTI destinados ao tratamento da Covid-19. São Paulo o estado mais afetado pelo novo coronavírus têm 60% das UTIs ocupadas.
No Amazonas, o número total de leitos de unidade de terapia intensiva no Amazonas é de 639, sendo 466 na rede pública e 173 na rede privada. A taxa de ocupação chegou em 100% no final de semana. Na sexta-feira (17), o governador Wilson Lima (PSC) já havia admitido que a Saúde do estado apresenta insuficiência frente à Covid-19.
Os hospitais estão superlotados em Manaus, única cidade do estado com leitos de terapia intensiva e para onde os pacientes são encaminhados. Um vídeo gravado no hospital estadual João Lúcio, em Manaus, mostra corredores e salas com corpos à espera de remoção ao lado de pacientes e macas no chão.
Com 2.747 casos registrados do novo coronavírus e 155 mortes, o Ceará já atingiu a ocupação de 100% dos leitos de UTI da rede pública específicos para Covid-19.
Na sexta-feira (17), o estado tinha 260 leitos de terapia intensiva ocupados por pacientes infectados pelo novo coronavírus e outros 38 pacientes aguardando por um leito de terapia intensiva. Com a situação, a Prefeitura de Fortaleza abriu o hospital de campanha do Estádio Presidente Vargas (PV) com 214 leitos. O prefeito Roberto Cláudio (PDT) disse que mais dois blocos ainda estão sendo construídos, com possibilidade de chegar ao total de 336 leitos
Em Pernambuco, a ocupação média dos 256 leitos de UTI destinados aos pacientes com a Covid-19 chegou a 90%, com pico de 94,3%, na quinta-feira (16). O estado registrou 2.006 casos de pacientes infectados e 186 mortos.
O secretário da Saúde estadual, André Longo, tem feito alertas reiterados sobre a possibilidade de fila para garantir vagas em UTI.
O governador Paulo Câmara (PSB) disse que irá abrir 400 leitos para cuidados intensivos, em hospitais de campanha e reabriu, na sexta-feira, um hospital privado que estava desativado desde 2018 com 20 novos leitos de UTI e outros 20 de enfermaria.
O Pará ultrapassou os 94% de leitos de UTI ocupados. Devido ao aumento de casos graves, o governador Helder Barbalho (MDB) anunciou a instalação de mais 37 UTIs completas até o fim desta semana, sendo 17 no Hospital de Campanha de Belém. O estado aguarda a chegada de 400 respiradores para transformar leitos de enfermaria em unidades intensivas. Os respiradores e mais 1,6 mil bombas de infusão foram comprados da China e ainda não tem previsão de chegada.
No estado do Rio de Janeiro, considerados os atendimentos públicos e privados, a ocupação dos leitos de enfermaria era de 60% e a da UTI, 74%.
Na rede estadual, a maior lotação está atualmente no Instituto Estadual do Cérebro, com 90,9% de ocupação das UTIs. Em seguida, vem o Hospital Universitário Pedro Ernesto, com 66,6% das vagas em UTI com pacientes.
Na cidade do Rio de Janeiro, os leitos de UTI disponibilizados pelo SUS chegaram a 94% da ocupação, neste domingo, quando havia 951 pessoas hospitalizadas em toda a rede pública, 256 delas sob cuidados intensivos, a oferta é de 270 vagas.
Em São Paulo, são cerca de 1.800 leitos de UTI na rede estadual para Covid-19. Mas o estado, se necessário, teria capacidade de transformar outros 2.000 leitos clínicos em UTI, segundo o secretário da Saúde José Henrique Germann, da gestão João Doria (PSDB). Até as 13h de sexta-feira, havia 1.039 pacientes com diagnóstico da doença internados em UTIs do estado, quase 58% do total. Pela segunda vez na semana, a UTI do Instituto Emílio Ribas, na região central, principal referência em tratamento de Covid-19, chegou a 100% da capacidade.