No 1º de Maio, Centrais Sindicais da Argentina chamam à unidade nacional para vencer as emergências garantindo produção nacional, saúde, emprego e trabalho
Organizações sindicais, sociais, autoridades do governo nacional e dos Estados e municípios da Argentina comemoraram o 1º de Maio com atos virtuais, declarações e distintas ações solidárias, como distribuição de refeições populares, em um contexto de emergência pela pandemia do coronavírus que impede as grandes manifestações que todos os anos marcam o Dia do Trabalhador. Destacaram-se os múltiplos agradecimentos aos trabalhadores que atuam nas áreas essenciais para enfrentar o Covid-19 e ao conjunto da população por respeitar o isolamento social, não obstante seu impacto econômico.
O presidente Alberto Fernández visitou uma fábrica onde se produzem máscaras e macacões médicos e, de lá, saudou “a todos os trabalhadores da Argentina”. “Também quero lhes pedir que não baixemos os braços, que não desistamos de nada, que temos tudo por diante”, disse.
Ressaltando a importância de respeitar todos os cuidados necessários para superar a pandemia sem mortes e famílias destruídas, referiu-se ao papel que o Estado e os trabalhadores têm no futuro próximo: “O mais importante é que nós mantenhamos a estrutura econômica. A Argentina é um país que tem se destacado porque, durante muitos anos, desenvolveu uma indústria própria e, para nós, o cuidado de nossa indústria é central, porque isso nos dá poder como sociedade, dá trabalho a muitos argentinos”. Assinalou que nos anos anteriores houve uma grande destruição do país, mas “juntos sairemos adiante”, referindo-se a situação deixada pelo governo anterior, de Mauricio Macri. Lembrou ainda que a Argentina está entre os poucos países que fabricam respiradores automáticos.
Nesse sentido, reivindicou o “enorme esforço do Estado” em questões como “bancar a continuidade dos salários e esperando que pronto isso passe para que todos comecem a produzir e tudo volte à ordem que devemos ter”.
A Confederação Geral do Trabalho, CGT, expressou ” uma cálida e fraterna saudação a todas as trabalhadoras e trabalhadores argentinos e, em especial aos que se encontram pondo o corpo na primeira linha de fogo, arriscando sua saúde e a de suas famílias para garantir os serviços essenciais”, segundo indica o comunicado da principal central sindical do país. O texto destaca que “hoje mais do que nunca fica evidenciado ante os olhos do mundo que são os trabalhadores os principais geradores da riqueza das nações”.
Organizações populares, territoriais e sindicais, como a Central de Trabalhadores da Argentina (CTA), a União de Trabalhadores da Economia Popular (UTEP), a Corrente Classista Combativa (CCC), a Confederação de Trabalhadores da Economia Popular (CTEP), o Movimento Evita, Bairros de Pé, junto com representantes de várias pequenas e médias empresas, Pymes, escolheram a Embalagens Flexíveis Mataderos, uma fábrica recuperada – como se denominam as empresas que o Estado ou os próprios trabalhadores assumiram para impedir que fechassem quando foram à falência -, para lançar em forma virtual o Manifesto Nacional pela Soberania, o Trabalho e a Produção.
As questões que o documento coloca giram em torno da soberania alimentar, a soberania monetária e financeira, a soberania fiscal, a soberania marítima, a soberania energética, a soberania produtiva, o acesso à moradia digna, a planificação territorial e um piso de renda garantido.
“Temos que construir unidade de todos os setores populares e nacionais e entendemos que não somente há que sair da emergência sanitária como também da emergência econômica e social. O Estado nacional deve ser plenamente soberano, deve ter no centro a todos os que geram a riqueza em nosso país”, disse o secretário geral da Associação de Trabalhadores do Estado (ATE), Hugo Godoy.