“Não se constrói um país sem investimento sustentável e sustentado em ciência”, afirma reitora
“O distanciamento social é hoje a única ferramenta de que as sociedades dispõem para combater a pandemia”, afirmou o professor Flávio Guimarães da Fonseca, do Departamento de Microbiologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Segundo Flávio, cerca de 120 projetos de vacinas já estão sendo testados, mas grande parte ainda em animais, no chamado “pré-clínico”. Elas ainda demorarão para serem aprovadas e produzidas em todo o mundo.
O pesquisador alertou para a dependência do Brasil na produção das vacinas. “Se dependermos de importar a vacina, ficaremos muito tempo na fila”.
O debate virtual “Fique em casa com a ciência e com a UFMG: mobilizações da Universidade para o enfrentamento da Covid-19”, que compõe a programação da Marcha Nacional pela Ciência, promovida pela Sociedade Brasileira pelo Progresso da Ciência (SBPC), foi mediado pela reitora da Universidade, Sandra Regina Goulart Almeida.
“Sabemos que o caminho para sair dessa situação passa necessariamente pela ciência e temos consciência do papel da UFMG nesse momento. Ao mesmo tempo, sabemos que não podemos esperar que os outros façam por nós as pesquisas que são necessárias”, disse.
Para ela, “isso tem a ver com a soberania nacional. Não se constrói um país sem investimento sustentável e sustentado em ciência”.
Um dos debatedores, o diretor da Faculdade de Ciências Econômicas (Face) da UFMG, Hugo da Gama, acredita que não existe contradição entre preservar vidas e a economia.
“Isso é um falso dilema. Gastos e investimentos em saúde, ao mesmo tempo que ajudam a saúde [no curto prazo], ajudam a salvar a economia [no médio e no longo prazo]”, disse.
O professor defendeu que as indústrias brasileiras devem se preparar para produzir outros produtos que ajudem no combate ao coronavírus, “redirecionando as plantas das indústrias para o esforço da saúde”.
A professora da Faculdade de Medicina, Cristina Gonçalves Alvim, que é coordenadora do Comitê Permanente de Acompanhamento das Ações de Prevenção e Enfrentamento do Novo Coronavírus da UFMG, disse que “até que surja uma vacina ou um medicamento, nós teremos que construir um ‘novo normal’” para as relações pessoais.
Fonte: Jornal da Ciência – SBPC e UFMG