Os entregadores de aplicativos paralisaram os serviços nesta quarta-feira, em greve nacional por melhores condições de trabalho, salário digno, equipamentos de proteção à saúde, alimentação básica e descanso.
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A categoria se tornou essencial, principalmente nesse momento de pandemia, o que escrachou a grave vulnerabilidades a que esses trabalhadores estão expostos no dia-a-dia.
De acordo com a pesquisa da Associação Brasileira do Setor de Bicicletas (Aliança Bike), lançada em 2019, os entregadores que conseguem rodar 12 horas por dia fazendo entregas ganham em média R$ 936 por mês. Parte dessa remuneração, porém, é reservada justamente para comprar a própria comida, visto que os aplicativos não oferecerem auxílio-alimentação para os entregadores nas ruas, diminuindo significativamente seus rendimentos.
A categoria denuncia ainda que durante o período de pandemia as empresas estão pagando menos ainda aos entregadores, pois com o aumento do desemprego no período e sendo esse uma das poucas atividades que conseguiram funcionar, o número de entregadores aumentou bastante.
“A demanda aumentou para os aplicativos e restaurantes, mas diminuiu para os entregadores porque a demanda nas ruas triplicou. Então quanto mais entregadores eles têm nas ruas, menos eles pagam. Quanto menos entregadores na rua, mais eles pagam, para chamar mais entregadores para vir para a rua. Como tem muito entregador na rua, os pedidos estão [pagando um valor] muito baixo, mas como as pessoas estão sem opção, se você sair na rua agora o que mais se vê é entregador”, explica Paulo Lima (Galo), um dos líderes do movimento.
Os entregadores utilizam seus próprios recursos para o trabalho, suas motos, seus celulares, além de sua força de trabalho. Ainda precisam comprar com seu próprio dinheiro a mochila que carregam pela cidade com o logo da empresa de entrega por aplicativo, que resiste em lhe garantir o mínimo de condições de trabalho. “Luto por melhores condições de trabalho!”, diz Galo.
“Existe essa ilusão de que nós somos empreendedores, de que estamos investindo em nosso futuro, mas isso é mentira. A gente trabalha com fome, somos humilhados, maltratados, a gente ganha mal e isso não é o perfil de empreender, nem aqui, nem na China, nem em lugar nenhum do mundo. Eu sou um trabalhador, sou força de trabalho. É nisso que eu acredito!”, completou.