O ex-deputado João Goulart Filho, pré-candidato a presidente pelo Partido Pátria Livre, divulgou uma nota neste sábado, 31 de março, falando sobre o golpe de 1964 que, segundo ele, interrompeu o projeto de Brasil que era conduzido por seu pai, o ex-presidente João Goulart, com amplo apoio popular e que tinha como objetivo construir uma grande nação, próspera e independente. Goulart Filho chamou todos os patriotas a se unirem para tirar o país da crise e para a retomada do projeto interrompido. Segue abaixo a íntegra da nota.
Nota de João Goulart Filho sobre o 31 de março
Há 54 anos, o golpe que derrubou o governo democrático de João Goulart interrompeu um projeto político e econômico que visava transformar o Brasil numa grande nação – próspera, independente e justa. Junto com Jango, uma equipe de patriotas como Celso Furtado, Darcy Ribeiro, Paulo de Tarso, Wilson Fadul, Santiago Dantas, Evandro Lins e Silva e outros, foram impedidos de continuar dando o melhor de si na construção de um futuro radiante para o Brasil.
Interesses subalternos, que pretendiam manter o Brasil como um país atrasado, sem indústria própria, sem tecnologia, sem identidade, ou seja, uma mera colônia fornecedora de produtos primários, se articularam com o Departamento de Estado americano para sabotar a democracia e o progresso de nosso país. Usando o pretexto de uma suposta “ameaça comunista”, depuseram um presidente legítimo, eleito legitimamente pelo povo, que, com o apoio da grande maioria da população, construía pacificamente uma nação livre, democrática e próspera.
Para impôr seu regime autoritário e antinacional, os golpistas tiveram que vencer a resistência dos democratas e patriotas. Além de civis de diversas tendências, cerca de 7.500 militares leais à Constituição foram presos ou cassados para que o Brasil voltasse à condição de mero quintal dos EUA. Esse número de militares perseguidos é revelador do quanto os golpistas de 1964 não representavam o sentimento majoritário do país e muito menos das nossas FFAA. No final da década de 70, o general Antônio Carlos de Andrada Serpa, participante do movimento e ex-ministro chefe do Estado Maior das Forças Armadas (EMFA), reconheceu publicamente o engano daquela triste empreitada: “sem saber, nós, militares, amarramos a vaca para os americanos mamarem”.
Se naquela época, os conflitos da guerra fria serviram de base para a divisão do país, hoje, após o fim da União Soviética, a nova doutrina de Segurança Nacional, que pode e deve unir todos os brasileiros, deve ter como prioridade o desenvolvimento, a defesa da soberania nacional, dos recursos naturais, das fronteiras, do nosso mercado interno, do petróleo, das águas, da Amazônia, etc.
Nesta hora grave, mais do que nunca, o Brasil precisa se unir em torno de patriotas e democratas que acreditem na força de seu povo, na capacidade e criatividade de sua gente e na potencialidade de nossas riquezas naturais. Aqueles que insistem em desacreditar, humilhar e enganar o nosso povo, os que querem entregar nossas riquezas e seguir reverenciando a bandeira americana, não são dignos dos anseios da população brasileira e nem de nossa história. Não são, portanto, esses setores retrógrados e subalternos que representam os nobres sentimentos patrióticos e democráticos de nossas FFAA.
Viva o Brasil!
Viva a Democracia!
João Goulart Filho