Trinta organizações de Direitos Humanos com sede em Israel, a exemplo de B’Tselem, Combatentes pela Paz, Associação pelos Direitos Civis em Israel, se unem para denunciar aumento de prisões, ataques a palestinos por parte de colonos judeus
Cerca de trinta grupos de defesa dos direitos humanos em Israel instaram a comunidade internacional “a agir perante os níveis de violência sem precedentes” por parte dos colonos israelenses na Cisjordânia ocupada, e a “parar o traslado forçado de palestinos das suas terras”, o que tem se agravado nas últimas semanas, informou a Agência EFE, no domingo (29).
“Apelamos à comunidade internacional para que aja urgentemente para parar a onda de violência dos colonos apoiada pelo Estado que está levando à transferência forçada de comunidades palestinas na Cisjordânia”, afirmaram as entidades signatárias em um comunicado, incluindo a seção israelense da Anistia Internacional e as ONGs Associação pelos Direitos Civis em Israel, Betselem e Combatentes pela Paz.
Alegam que desde que eclodiu a guerra entre Israel e o Hamas em Gaza, em 7 de Outubro, a violência de colonos judeus que residem em unidades implantadas sobre terras assaltadas aos palestinos na Cisjordânia aumentou muito e os seus ataques às aldeias palestinas levaram à transferência forçada de muitas famílias em pelo menos uma dúzia delas.
Nas últimas três semanas, desde o início do conflito, “os colonos têm explorado a falta de atenção pública à Cisjordânia e a atmosfera geral para intensificar a sua campanha de ataques violentos, numa tentativa de forçar o deslocamento de comunidades palestinas”, assinalam as ONGs.
“Neste período, pelo menos treze comunidades de pastores foram deslocadas” e “muitas mais correm o risco de serem forçadas a fugir nos próximos dias se não forem tomadas medidas imediatas”, alertam.
NETANYAHU NADA FAZ PARA IMPEDIR A VIOLÊNCIA
Denunciam também que o governo israelense de Netanyahu, com parceiros de extrema-direita pró-colonização, “apoia” os ataques dos colonos “e nada faz para deter a sua violência”.
“Os ministros do governo e outros responsáveis apoiam a violência e, em muitos casos, os militares israelitas estão presentes ou até participam na violência, incluindo em incidentes em que colonos mataram palestinos”, registram.
Um total de 122 palestinos morreram de forma violenta na Cisjordânia desde o início do conflito, em 7 de outubro, segundo o Ministério da Saúde da Autoridade Palestina responsável por esta região de 5.600 km² (equivalente à área do Distrito Federal do Brasil), onde vivem quase três milhões de pessoas.
Já em Gaza, o Ministério da Saúde informou nesta terça-feira que o número de pessoas mortas desde o início da agressão aumentou para 8.525, incluindo 3.542 crianças e 2.187 mulheres.
As ONG afirmam no documento apresentado que tem havido “um número crescente de incidentes em que foram documentados ataques de colonos vestindo uniformes militares e usando armas fornecidas pelo governo”.
Perante isto, defendem que “a única forma de acabar” com esta dinâmica no território da Cisjordânia “é uma intervenção clara, forte e direta da comunidade internacional”.
Israel assumiu o controle da Cisjordânia em 1967 e, desde então, mantém um longo regime de ocupação militar e o assalto cada dia mais voraz de território palestino.