O ex-candidato à Presidência e fundador do partido Novo, João Amoêdo, afirmou que Jair Bolsonaro “é um governante autocrático que se coloca acima das instituições” e anunciou que vai votar em Lula no segundo turno das eleições.
“No dia 30, farei algo que nunca imaginei. Contra a reeleição de Jair Bolsonaro, pela primeira vez na vida, digitarei o 13”.
“Apertar o botão ‘Confirma’ será uma tarefa dificílima. Mas vou me lembrar do presidente que debochava das vítimas na pandemia, enquanto milhares de famílias choravam a perda de seus entes queridos”, disse o líder do Novo.
Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, João Amoêdo disse que mantém as críticas à Lula e ao PT, mas Jair Bolsonaro fez com que “a paixão e o ódio” dominassem o debate político, “levando a polarização a níveis inaceitáveis”. “Nestes quatro anos, regredimos institucionalmente e como sociedade”.
“A independência dos Poderes foi comprometida. O Legislativo foi cooptado pelo orçamento secreto e as emendas parlamentares. O Supremo Tribunal Federal se tornou alvo de ataques frequentes por parte do presidente e seus aliados”, comentou Amoêdo.
“O combate à corrupção foi extinto com a narrativa mentirosa de que ela acabou e com o desmonte da Lava Jato. O descaso com a educação, o meio ambiente, a ciência, a cultura, a responsabilidade fiscal e, acima de tudo, o desprezo pela vida dos brasileiros completam o legado desastroso”, continuou.
“Bolsonaro confirmou ser não apenas um péssimo gestor, como já prevíamos, mas também uma pessoa sem compaixão com o próximo. Ele é incapaz de dialogar, de assumir suas responsabilidades e não tem compromisso com a verdade. É um governante autocrático que se coloca acima das instituições”, completou.
Para Amoêdo, que foi candidato à Presidência em 2018, “a escolha que agora se apresenta na urna não é sobre os rumos que desejo para o Brasil, mas só a possibilidade de limitar danos adicionais ao nosso direito como cidadão. E é só isso que espero manter com essa eleição: o direito de ser oposição”.
Questionado sobre a proposta de Jair Bolsonaro de aumentar o número de ministros do Supremo Tribunal Federal, Amoêdo falou que “preocupa muito”.
“A ideia de aumentar o número de ministros do STF para 16, com os dois que deixarão a corte nos próximos anos, permitiria que Bolsonaro, se reeleito, nomeasse sete ministros, que somados aos dois já indicados por ele lhe daria a maioria na corte”, disse.
Outros ex-candidatos também anunciaram apoio a Lula no segundo turno, como Simone Tebet (MDB), Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede) e Henrique Meirelles (MDB).