A ex-soldada Jéssica Paulo do Nascimento, que entre 2018 e 2021 sofreu assédio sexual e ameaças de mortes do tenente-coronel Cássio Novaes, sofre agora novas perseguições de dentro da corporação, após ter denunciado o assédio e decidir deixar a carreira.
Em entrevista ao G1, Jéssica afirmou que descobriu um grupo de WhatsApp denominado “Todos odeiam Jéssica”, criado pelo sargento ao qual respondia quando ainda estava lotada no 45° Batalhão da Polícia Militar do Interior, em Praia Grande.
Segundo relatou, ela obteve, de forma anônima, prints onde aparece a denominação do grupo, criado para disseminar ódio contra ela.
A ex-soldada contou que os policiais, que inicialmente foram adicionados ao grupo, saíram aos poucos, restando apenas o sargento e outra PM. Segundo Jéssica, o grupo compartilhava reportagens sobre as denúncias que ela fez quando sofreu assédio e ameaças do tenente-coronel e sobre as perseguições que enfrentou dentro da corporação após a repercussão do caso.
Segundo disse ao G1, essa nova perseguição e a criação do grupo de WhatsApp só deixa mais claro o que sofreu antes de ser exonerada. “Eu senti medo. Mesmo pedindo exoneração por causa dele [tenente-coronel], o homem criou um grupo para me humilhar, cujo título dizia que todos me odeiam. Porém, não é bem assim, porque tem pessoas lá dentro que me respeitam e me consideram, tanto que muitos saíram do grupo indignados, e ainda recebi print de tudo. Espero que a justiça seja feita, e que seja provado que esse homem é outro obcecado e vem me perseguindo”, disse.
O advogado de defesa da vítima, Sidnei Henrique, disse que já tomou as medidas cabíveis junto à Corregedoria para que o caso seja apurado através de inquérito policial militar, além de processo administrativo.
O tenente-coronel denunciado por assédio e ameaças de morte, da época em que Jéssica estava lotada na capital paulista, foi afastado do comando do batalhão e a investigação do caso está sendo conduzida pela Corregedoria da PM sob sigilo.
O advogado afirma que “a criação de um grupo fomentando ódio coloca veementemente em risco a vida da ex-soldado e da sua família. Além das medidas citadas, também foi requerido que, diante da gravidade dos fatos, os autos do IPM [Inquérito Policial Militar] que apura o crime de assédio sexual seja remetido para a Justiça Militar com essas novas informações com urgência, a fim de que o Ministério Público tome ciência dos fatos e, assim querendo, se manifeste a respeito”.