O senador Ciro Nogueira (PP-PI) disse a Jair Bolsonaro que sua condição para assumir a chefia da Casa Civil é ter autonomia para negociar com o Congresso Nacional, em especial com o Senado Federal.
Os dois se reuniram na terça-feira (27) e a nomeação já saiu no Diário Oficial.
Jair Bolsonaro se aliou e deu cargos para políticos de parte do Centrão, como o próprio Ciro Nogueira, para tentar afastar a possibilidade de um impeachment.
Ciro Nogueira é presidente do PP, mesmo partido do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL).
Nogueira é réu por corrupção e obstrução de Justiça em três processos que estão no Supremo Tribunal Federal (STF) e é investigado pela Polícia Federal por recebimento de propina.
Nos processos, Ciro Nogueira é acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) de ter recebido, entre 2014 e 2015, parcelas de uma propina de R$ 7,3 milhões da Odebrecht.
Ele também é acusado de ter ameaçado e “comprado” uma testemunha para que mudasse seu depoimento em um inquérito que investiga o pedido de R$ 2 milhões de propina para o dono da empreiteira UTC, Ricardo Pessoa.
Um terceiro processo, que foi arquivado pelo STF, Ciro Nogueira foi acusado de ter recebido R$ 1,6 milhão em propina.
O novo ministro da Casa Civil de Jair Bolsonaro também é investigado por ter negociado R$ 43 milhões de doações eleitorais legais e ilegais para o PP, partido que preside.
Não é a primeira vez que Jair Bolsonaro promete “carta branca” para um de seus ministros. Para conseguir que o ex-juiz Sergio Moro aceitasse o convite para ser ministro da Justiça, Jair Bolsonaro prometeu “liberdade total” e “carta branca” para combater a corrupção.
O que aconteceu na realidade foi que Jair Bolsonaro enfraqueceu todos os mecanismos de combate à corrupção e pressionou Sergio Moro para que trocasse o diretor-geral da Polícia Federal a fim de proteger seus filhos, investigados por corrupção.
Sergio Moro pediu demissão por conta dessa pressão e mostrou as provas de que Jair Bolsonaro queria intervir politicamente na PF.
Também teve casos de interferência de Jair Bolsonaro na atuação dos ex-ministros da Saúde, como Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich e Eduardo Pazuello.