Candidata à deputada distrital pelo PP de Brasília, a ex-mulher de Jair Bolsonaro, Ana Cristina Valle, alegou que “não deve satisfação a ninguém” sobre a compra de uma mansão em área nobre de Brasília, avaliada em R$ 2,9 milhões.
“O que eu posso fazer? Eu tenho 30 anos de trabalho na política, sou advogada, tenho meu meio, minha fonte de renda, que eu não devo satisfação a ninguém. (…) Eu não tenho que dar satisfação pra ninguém do que eu faço”, disse em vídeo divulgado nas redes sociais.
Por ser postulante a um cargo eletivo, ela é obrigada a entregar à Justiça Eleitoral a relação de bens que tem. Ana Cristina Valle declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ser dona da mansão no Lago Sul.
No entanto, ao se mudar para a mansão, em meados de junho de 2021, ela alegou que tinha alugado o imóvel para morar com o filho, Jair Renan.
Ou seja. Primeiro, ela declarou que alugava o imóvel no Lago Sul, em Brasília. Porém, ao registrar a candidatura, informou ser dona da casa.
Além disso, segundo o jornal “O Globo”, ela disse que a mansão valia R$ 829 mil, mas a escritura atesta que a casa foi vendida no ano passado por R$ 2,9 milhões.
A aquisição do imóvel por Ana Cristina Valle também está na mira da Polícia Federal (PF), que no final de agosto pediu autorização da Justiça Federal para abrir investigação contra a ex-mulher de Jair Bolsonaro.
De acordo com “O Globo”, a PF suspeita que Ana Cristina usou um laranja para pagar R$ 2,9 milhões pelo imóvel, sendo R$ 580 mil de entrada e o restante do valor financiado.
Relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) – órgão de combate à lavagem de dinheiro – indica que ela transferiu R$ 867 mil para uma empresa de transporte de cargas do Distrito Federal, valor que foi usado para quitar o adiantamento da casa.
O documento do Coaf aponta “transações atípicas” durante a aquisição do imóvel, que seria, segundo a PF, “aparentemente incompatível com o exercício da função pública de assessora parlamentar” e que teria sido feita “por meio de pessoa interposta”.
Quando se mudou para a casa, Ana Cristina afirmou que havia alugado a mansão por R$ 8 mil por mês, valor parecido com o salário bruto de R$ 8,1 mil que ganhava como assessora da deputada Celina Leão (PP-DF).
EX-ASSESSOR
Em entrevista ao site UOL, um ex-funcionário da família Bolsonaro, Marcelo Nogueira, contou mais detalhes sobre as falcatruas de seus ex-patrões.
Ele afirmou que a advogada Ana Cristina Siqueira Valle, segunda ex-mulher de Bolsonaro, confidenciou a ele [Marcelo] que a primeira mansão onde o casal viveu, na Barra da Tijuca (RJ), entre 2002 e 2007, foi paga com “dinheiro por fora”.
Marcelo relatou que começou a trabalhar para Cristina e Bolsonaro na campanha de Flávio Bolsonaro a deputado estadual, em 2002, e depois foi convidado a permanecer trabalhando na nova mansão que o casal havia comprado. O imóvel que fica na rua Maurice Assuf, na zona oeste do Rio, foi adquirido em 22 de novembro de 2002.
Ele contou que, ao limpar o escritório e organizar alguns papéis, viu a escritura da casa, por ocasião da mudança, e comentou com Cristina que se surpreendeu com o valor, dadas as características do imóvel. Marcelo afirma que então Cristina disse a ele: “É que sempre tem um por fora, né?”. “Quando ela comprou aquela casa da Barra, na época, por R$ 500 mil, na documentação. Só que foi mais. Que foi dado em dinheiro vivo, por trás”, contou o ex-funcionário.
Ele também confirmou que a atual mansão de Cristina foi comprada por um laranja.
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