“O bolsonarismo prega negacionismo e incentiva o genocídio”, respondeu o prefeito após ida do filho de Bolsonaro ao município para apoiar pedido de impeachment por ações de combate à Covid tomadas pela Prefeitura
O prefeito de Araraquara, no interior de São Paulo, Edinho Silva (PT) condenou a tentativa do filho de Jair Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) de criar um factoide político com um pedido de impeachment contra ele, protocolado na Câmara Municipal por suspeita de irregularidades na compra de respiradores com dispensa de licitação. O pedido foi rejeitado pelos vereadores da cidade na tarde desta terça-feira (3).
“Sobre o ataque da família Bolsonaro a Araraquara: nossa cidade se destacou no combate à pandemia por defender a ciência e a medicina. O bolsonarismo prega negacionismo e incentiva o genocídio. Só isso explica essa obsessão por nos atacar: representamos a derrota ideológica deles”, afirmou Edinho Silva.
Em nota, o prefeito ainda afirmou que a cidade foi “palco de mais uma ação bolsonarista” e que o governo municipal se mantém como referência no combate à pandemia, valorizando a ciência e a medicina.
No texto, o prefeito assegura ainda que nenhuma ilegalidade foi praticada na compra dos 25 respiradores, em abril de 2020. Fato esse, usado por Eduardo Bolsonaro como mote para o pedido de impeachment.
Em vídeo publicado na noite de ontem em seu perfil no Facebook, o deputado disse que foi à cidade do interior paulista para entregar recursos de uma vaquinha virtual liderada por ele e pelos colegas de Câmara Carla Zambelli (PSL-SP) e Hélio Lopes (PSL-RJ), e aproveitou para protocolar a representação contra o prefeito.
Porém, por 13 votos a 4, os vereadores de Araraquara rejeitaram o requerimento de investigação e cassação do mandato do prefeito Edinho Silva, na sessão da Câmara, realizada nesta terça-feira (3).
Factoide
O presidente da Câmara, Aloísio Boi (MDB), disse se sentir desconfortável em presidir a sessão, que ele considerou um desrespeito à Câmara, uma vez que já corre uma CEI para investigar a denúncia. Chamou ainda de “baderna” a protocolização do pedido na segunda-feira e desrespeito aos vereadores que não tiveram tempo de analisar o pedido que, obrigatoriamente, deveria ser analisado nesta terça-feira.
Para o vereador Guilherme Bianco (PCdoB) o objetivo dos bolsonaristas foi a criação de um factoide político e que há uma CEI na Câmara, além de investigações sendo realizadas pelo Ministério Público e pelo Tribunal de Contas da União (TCU) sobre a questão e que parte do montante pago pelos respiradores já foi recuperado.
“Esse pedido de impeachment não passava de uma tentativa de criar fato político. A Câmara já abriu uma Comissão para investigar o caso da compra dos respiradores, além do TJ-SP já ter dado parecer favorável a Prefeitura. Não há o menor fundamento técnico. Mas a questão é política, Araraquara é destaque nacional no combate à COVID-19. Hoje é o sexto dia consecutivo sem mortes pelo coronavírus em nosso município, é a prova concreta que a ciência deve ser seguida sempre. A Câmara Municipal ter rejeitado o pedido de impeachment é colocar nossa cidade do lado da vida e da democracia”, afirmou o vereador à Hora do Povo.
A vereadora Luna Meyer (PDT) considerou que o pedido era patético e a promoção de uma bandeira política visando às próximas eleições. Felipa Brunelli (PT), Rafael de Angeli (PSDB) e Thainara Faria também classificaram o pedido de eleitoreiro.
O resultado da votação foi comemorado por vários manifestantes em apoio ao prefeito que estavam na frente da Câmara Municipal.
Combate à Covid
Um dos símbolos do combate à pandemia da Covid-19 no Brasil, Araraquara foi a primeira cidade a decretar o lockdown com o avanço nos números de casos pela variante brasileira. Como efeito do isolamento, os números de contágio caíram na cidade e ela passou a ser utilizada para o envio de pacientes de mais de 30 municípios.
De acordo com a Prefeitura, 50 dias após o lockdown, os casos de covid-19 caíram 66,2% na cidade e, as internações, 24%. As mortes, por sua vez, caíram 62%.
No entanto, uma nova alta nos casos e na taxa de ocupação das UTIs fez com a prefeitura adotasse um segundo lockdown em junho.
Na última sexta-feira (31), Edinho Silva usou as redes sociais para comemorar cinco dias sem registros de óbitos em decorrência da covid-19. “Com as medidas restritivas de junho e vacinação, a doença não causou vítimas fatais no domingo (25), na segunda (26), na quinta (29), na sexta (30) e neste sábado (31). É a vitória de um povo que escolheu defender a vida. Orgulho de ser prefeito de Araraquara”, disse.