O presidente da Argentina, Alberto Fernández, e a equipe de sanitaristas que assessora o governo coincidiram na necessidade de adotar controles mais estritos para a Área Metropolitana de Buenos Aires (AMBA), que concentra mais da metade dos casos de Covid-19.
Na reunião desta sexta-feira, o presidente Fernández, o governador Kicillof e o chefe do governo portenho Horacio Rodríguez Larreta concordaram em unificar ações, principalmente nos bairros mais vulneráveis, ampliando a extensão do isolamento social por mais duas semanas.
Com 10.649 contagiados, 433 vítimas fatais, os melhores resultados entre os países latino-americanos, a Argentina foi prejudicada nos últimos dias com medidas de flexibilização do isolamento preventivo por parte de alguns prefeitos oposicionistas. As ações afetaram negativamente principalmente a capital – com suas “villas miséria”, as favelas – e o seu entorno.
Diferente da campanha oposicionista de rechaço, os infectologistas destacaram o quanto a quarentena vem sendo exitosa no país, por ter achatado a curva no combate ao coronavírus, preparando o sistema de saúde para enfrentar o pico de casos que se aproxima. Para comprovar o quanto a Argentina tem sido vitoriosa, explicaram, basta comparar com a gravidade da situação em que se veem mergulhados outros países da região, com uma estrutura social e econômica semelhante.
Ao repetir o ritual que faz a cada duas semanas quando prorroga a quarentena, o presidente se reuniu com os médicos e fez um balanço da pandemia, sublinhando que se deve evitar promover o consumo e o deslocamento de pessoas. Na oportunidade Fernández esteve acompanhado pelo chefe e a vice-chefe de Gabinete, Santiago Cafiero e Cecilia Todesca; o ministro e a vice-ministra de Saúde, Ginés González García e Carla Vizzotti; e o secretário-geral da Presidência, Julio Vitobello.
SOMANDO FORÇAS
A fim de obter resultados mais positivos, os encarregados pelo transporte dos governos federal, estadual e do município de Buenos Aires definiram um conjunto de medidas para tornar mais rígidos os controles e a restrição do deslocamento, erguendo uma verdadeira barreira sanitária. O objetivo é impedir que o alto número de contágios que tem se multiplicado pelos bairros mais pobres fique cada vez mais restrito, com a periferia recebendo todos os investimentos necessários para que os focos sejam combatidos e extintos.
“Temos que encarar o trabalho juntos, fazer uma ação emergencial nestes bairros, algo que dê confiança aos moradores, que resolva o problema. Precisamos ter uma postura firme”, destacou o presidente, reunido esta semana com lideranças de organizações populares. “Precisamos levar o que necessitem, que passem por esta situação em condições mais dignas”, acrescentou. Entre as prioridades, assinalou, está a intensificação do plano Detectar, que busca encontrar possíveis infectados para isolá-los a fim de evitar a propagação do vírus.
Conforme os sanitaristas, a ideia é passar de uma vigilância passiva para uma ativa por parte das autoridades, algo essencial para reverter o quadro, dadas as características focalizadas que adquiriram os contágios. “Devemos intervir nos bairros populares com tudo aquilo que o Estado possa colocar à disposição”, sublinharam os sanitaristas, frisando a diferença entre a evolução da Covid-19 para o continente europeu. “Lá não houve a variável da pobreza estrutural que tem a Argentina, onde temos que seguir cuidando dos locais com grandes bolsões de pobreza”, destacaram.
Por isso na hora de avaliar os avanços obtidos no enfrentamento ao coronavírus, frisaram os especialistas, é preciso tomar em conta países com uma composição econômica e social mais próxima, como o Brasil, Chile, Equador e Peru. “Preparamos o sistema sanitário, preparamos as equipes de saúde, preparamos os profissionais de outras especialidades que aprenderam a usar os respiradores, a população fez um exercício para mudar seu modo de vida em tão pouco tempo, foi um esforço fantástico”, acrescentaram.