Nesta quinta-feira (14), os aliados do presidente da Argentina, Maurício Macri, tiveram de recuar e suspender a votação do projeto de reforma da Previdência enviado pelo Executivo. Após violentos confrontos entre os milhares de manifestantes e policiais do lado de fora do Parlamento, o presidente da Câmara, Emilio Monzó, optou por encerrar a sessão, apesar de contar com quórum suficiente, de 129 deputados. No Brasil também o governo teve que recuar no mesmo assunto. Os deputados ficaram com medo da fúria do povo com quem votasse contra a Previdência pública.
Os incidentes na Argentina aconteceram nos arredores do Congresso, em Buenos Aires, quando dezenas de milhares de argentinos se reuniam para pedir aos legisladores a rejeição da proposta da Casa Rosada para reduzir o déficit fiscal.
Alguns deputados da oposição, como Facundo Moyano e Victoria Donda, deixaram o prédio do Congresso e se uniram aos participantes, convocados por centrais sindicais. Os oficiais da Gendarmeria (a Guarda Nacional argentina) tentaram dispersar a multidão com balas de borracha e jatos de água, enquanto os manifestantes reagiam com pedras e garrafas. Em meio à confusão, parlamentares e jornalistas foram feridos.
A proposta de Macri modifica o cálculo das aposentadorias. O texto altera a chamada “fórmula de mobilidade”, que atualmente beneficia mais de 17 milhões de aposentados e pensionistas. Em vez do ajuste semestral, calculado com base em 50% da evolução dos salários e 50% da arrecadação, a reforma propõe ajustes de 70% pela variação da inflação e 30% pela variação de um indicador do Ministério do Trabalho, que mede a evolução dos salários dos servidores públicos.
De acordo com a oposição, a medida implicará, no longo prazo, na desvalorização dos benefícios. Ao indexar o reajuste à inflação, e não mais à arrecadação, o governo prevê uma economia de até 100 bilhões de pesos argentinos (cerca de 19 bilhões de reais), pois as aposentadorias não aumentarão mais no mesmo ritmo das receitas. Com o novo cálculo, o próximo reajuste, em março, seria de 5,7%, contra 12%, segundo a oposição. O governo insiste que a reforma é fundamental para reduzir o déficit fiscal.
Assista ao vídeo da manifestação, feito pela CTA
