Artistas, pesquisadores e instituições enviaram, na última quinta-feira (26), uma carta aberta ao presidente da Fundação Nacional de Artes (Funarte), Tamoio Athayde Marcondes, em que exigem a adequada preservação do acervo do Centro de Documentação e Pesquisa (Cedoc) mantido pelo órgão.
O documento também solicita a abertura de um diálogo com a sociedade civil para a definição do futuro da valiosa coleção histórica, atualmente em perigo e sob risco de incêndio.
“O Brasil perdeu recentemente um montante de acervos de valor incalculável – além dos incêndios do Museu Nacional e da Cinemateca, há a crise da SBAT [Sociedade Brasileira de Autores Teatrais]. Nestas condições, é urgente agir em prol do acervo CEDOC/Funarte”, ressalta a carta.
A carta foi redigida por pesquisadores do Grupo de Pesquisa História do Teatro Brasileiro, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), e foi assinada por mais de 200 nomes da cena artística, como Fernanda Montenegro, Nathalia Timberg, Marieta Severo, Ary Fontoura, Juca de Oliveira, Marco Nanini, Renata Sorrah, Denise Fraga, Fulvio Stefanini, Renato Borghi, Walcyr Carrasco, Fábio Porchat, Paulo Betti, Zélia Duncan, Patrícia Pillar, entre outros.
Na última semana, o prédio de 13 andares que abriga a maior coleção histórica sobre teatro na América Latina, com cerca de dois milhões de preciosidades da cultura brasileira, no centro do Rio de Janeiro, foi interditado por tempo indeterminado por apresentar problemas estruturais.
O acervo é mais um que corre risco de incêndio por sobrecarga elétrica, impedindo até mesmo que os aparelhos de ar-condicionado sejam ligados, falta água em alguns banheiros e as lâmpadas estão queimadas. O único elevador que continua a operar só alcança determinados andares, com eventuais panes e quando chove muito precisa ser desligado devido às infiltrações na casa de máquinas. O laudo predial segue desatualizado há mais de dez anos, o que gera apreensão, já que os arquivos pesam e são crescentes.
O documento reconhece que a mudança física do acervo, diante de tais circunstâncias, “é mais do que recomendável”. Mas pede “que qualquer atitude em relação ao acervo CEDOC seja pensada e planejada em colaboração com a comunidade acadêmica, artística e intelectual do país”.
Em resposta à carta, na sesta sexta-feira (26), a Funarte afirmou que a instituição agirá “sempre em prol da execução das políticas públicas no interesse de todos”, e informou que marcará uma reunião entre artistas e dirigentes da Funarte para que o destino do acervo seja debatido.