Depoente mostrou áudio como sendo uma negociação suspeita de vacinas do parlamentar. Superior do executivo desmentiu na mesma hora que se tratasse de negociação de imunizantes no Brasil, frustrando a euforia bolsonarista
O policial militar de Minas Gerais, Luiz Paulo Dominguetti Pereira, representante da Davati Medical Supply, confirmou, nesta quinta-feira (1), em seu depoimento à CPI da Covid, que recebeu do diretor de logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, pedido de propina de um dólar por cada dose de vacina da AstraZeneca, de um total de 400 milhões de doses ofertadas ao ministério.
Durante o depoimento, Luis Paulo Dominguetti Pereira revelou, repentinamente, a existência de um áudio que ele teria recebido de seu superior, Christiano Alberto Carvalho, em que aparece o deputado Luis Miranda (DEM-DF), que tinha deposto na semana passada, e que havia revelado outro esquema de propina no Ministério da Saúde. No áudio, Miranda aparece falando sobre negócios que, aparentemente, estariam relacionados com a compra de vacinas. O depoente chegou a dizer que o deputado teria falado de seu irmão, que é servidor do ministério da Saúde, mas isso não foi confirmado na repetição do áudio.
A reação dos governistas ao áudio mostrado à CPI pelo depoente foi de euforia. Eles acharam que tinham atingido o parlamentar que revelou o esquema da Covaxin. No entanto, a senadora Eliziane Gama (Cidadania- MA) jogou um balde de água fria no frisson bolsonarista, ao relatar à CPI que o CEO da Davati, Christiano Alberto Carvalho, acabava de relatar ao jornal O Globo que o áudio em questão era de 2020 e estava relacionado a negócios de vendas de luvas do deputado nos EUA. Ou seja, não tinha nada a ver com vacinas.
Imediatamente a CPI pediu a apreensão do celular do depoente e decidiu que o áudio deverá ser disponibilizado aos senadores membros da CPI. Luiz Paulo Dominguetti Pereira, que é policial militar de Minas Gerais, havia se referido ao deputado como alguém que teria estado na CPI “atacando” o presidente da República. O presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), solicitou que ele repetisse a forma como ele havia se referido ao depoimento do deputado. O representante comercial repete o que havia dito, mas não mais usando a expressão “atacando”.
O pedido de propina feito pelo diretor de logística do MS se deu no no dia 25 de fevereiro deste ano, no restaurante Vasto, localizado num shopping de Brasília. O depoente relatou que se encontrou com o diretor de logística do ministério que estava junto o com tenente-coronel Marcelo Blanco, ex-assessor do ministério da Saúde. Ele explicou que foi ao jantar a pedido do CEO da Davati, Christiano Alberto Carvalho. Segundo o depoente ele representa a Davati informalmente desde janeiro e formalmente a partir de abril.