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Os trabalhadores do banco Santander têm realizado diversos atos pelo país contra as demissões no banco espanhol, bem como contra o aumento de metas durante o período de pandemia. O Sindicato dos Bancário de São Paulo, Osasco e região (Bancários-SP) classificam as cobranças como abusivas e afirmam que colocam em risco a integridade física e emocional da categoria.
O Santander possui cerca de 47 mil trabalhadores e, no início pandemia, firmou um acordo público em que se comprometeu a não demitir durante a crise sanitária. Mas recentemente, integrantes da alta gestão do banco anteciparam a projeção de corte de 20% do quadro de funcionários, uma redução que representa cerca de 10 mil novos desempregados.
Segundo os Bancários-SP, ao mesmo tempo que a direção do banco afirma que demitirá milhares de trabalhadores, descumprem também a promessa de cobrar metas dentro da razoabilidade imposta pelo período, porém as metas continuam aumentando. “A meta de capitalização subiu 50% da última semana de maio para a primeira de junho”, diz sindicato em comunicado. Entre as novas metas, funcionários denunciam o programa ‘Sou 40’, que prevê a venda de 40 produtos em 10 dias.
O Santander afirma que se comprometeu a não demitir até o final do mês de maio e sustenta que as demissões ocorreram por baixo desempenho. Em São Paulo foram demitidos pelo menos 15 trabalhadores desde maio.
A presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), Juvandia Moreira, denuncia que não houve a fixação de um prazo, mas que o acordo estabelecido compreende o período de calamidade pública ocasionada pela pandemia do novo coronavírus.
“O compromisso do banco era não demitir durante a pandemia. Tem vídeo, entrevista da direção executiva do banco falando isso. Nós estamos no auge da pandemia, como é que pode dizer que acabou?”, pergunta Moreira.
Para Adriana Nalesso, Presidente do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, o banco começou a demitir “numa estratégia ‘conta-gotas’, tentando não chamar a atenção da opinião pública. Usando como justificativa um desempenho insuficiente medido por metas que, se já eram excessivas antes da pandemia, agora tornaram-se irreais”.
De acordo com o sindicato carioca, o Santander Brasil apresentou um lucro de R$ 14,5 bilhões, no ano de 2019. No primeiro trimestre deste ano, o lucro foi de R$ 3,774 bilhões, o que representou um aumento de 10,5% em comparação com o mesmo período do ano passado (R$ 3,415 bilhões). Em relação ao último trimestre de 2019, o crescimento foi de 0,7% (R$ 3,748 bilhões).
Os bancários brasileiros são responsáveis por garantir 29% do lucro mundial do banco, de acordo com os sindicalistas. No início da pandemia, Banco Central anunciou a disponibilização de R$ 1,216 trilhão para os bancos brasileiros, o equivalente a 16,7% do Produto Interno Bruto (PIB). O valor é expressivamente superior ao disponibilizado durante a crise econômica global de 2008, cerca de R$ 117 bilhões, ou 3,5% do PIB.
“Um negócio muito absurdo. É cobrança de meta quando o Brasil inteiro está com problema da pandemia. Como é que vou vender um seguro, uma capitalização, fazer uma alteração, um investimento, se muitos dos clientes estão precisando do dinheiro?”, questiona Juvandia.