O BC dos EUA, o Federal Reserve (Fed) elevou a taxa de juro em 0,25 ponto percentual na quarta-feira (13), para uma banda de 1,75 % a 2,00%. Com isso, a taxa de juro real (nominal descontado a inflação) nos Estados Unidos continua negativo, uma vez que o aumento médio dos preços ao consumidor, de janeiro a maio deste ano, alcançou 2,38%, abaixo dos 2,80% de maio. Portanto, sem considerar a inflação de junho, o juro real nos EUA estava, em maio, – 0,59% (negativos). Em maio do ano passado estava ainda pior: -1,39%. O Fed sinalizou ainda que pretende fazer mais duas altas este ano, ao invés de uma só, podendo chegar a um total de quatro altas até o final de 2018. A alta anterior havia sido em março.
Na avaliação do Fed, a economia está “sólida” e a muleta dos juros pra lá de baixos – na realidade, juros reais negativos – já pode vir a ser dispensada. O presidente do Fed nomeado por Trump, Jerome Powell, asseverou que “a maior parte das pessoas que quer achar empregos está achando, e o desemprego e a inflação são baixos”. O Fed acredita que o desemprego até o final do ano cairá para 3,6%, o que seria a melhor taxa desde os anos 1960.
Powell chamou de “charada” o porquê de os salários não estarem subindo apesar de desemprego estar tão baixo e tantas empresas reclamarem que não conseguem achar trabalhadores suficientes. Mas ele previu que isso vai mudar: “vocês verão os salários subirem, verão as pessoas que estão às margens da força de trabalho tendo uma oportunidade para voltarem a trabalhar”. Talvez alguém conte a ele que os adultos “não na força de trabalho” são mais de 90 milhões nos EUA. A propósito, no primeiro trimestre do ano, o salário por hora cresceu em termos reais 0,3% em relação a igual período do ano passado.
Com a taxa de juro básica quase igual à taxa de inflação (cuja meta é de 2% ao ano), o Fed antevê um retorno a uma política monetária mais “normal”, mas segue descrevendo a política que aplica como “acomodatícia”, com a economia entrando no décimo ano seguido de crescimento raquítico.
No que chamou de “movimento técnico”, o Fed decidiu elevar para 1,95% a taxa de juro que paga aos bancos pelas reservas em excesso, o que justificou como necessário para “garantir que as taxas de juros permaneçam dentro dos limites pretendidos”. O articulista Mish Mash não ficou de todo convencido com argumentação tão sábia e, fazendo a conta sobre o total das reservas em excesso, US$ 1,89 trilhão, concluiu que o Fed generosamente gratificou os banqueiros com US$ 36,9 bilhões por deixarem o dinheiro parado, sem mover a economia. Enquanto isso, como ele disse, “congratulações trabalhadores: vocês fizeram 0,3% por hora mais que há um ano atrás”.