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O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que o Brasil está “perdendo a soberania da Amazônia para o crime organizado”.
Barroso recebeu nesta terça-feira (21) o líder indígena Beto Marubo, integrante da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (UNIJAVA), que relatou ao ministro ameaças, medo, apreensão e sensação de abandono na região.
O líder indígena estava acompanhado da subprocuradora-geral da República, Eliana Torelly, responsável pela câmara do Ministério Público Federal (MPF) que cuida de temas indígenas.
Beto Marubo era amigo do indigenista Bruno Pereira – assassinado na região juntamente com o jornalista britânico Dom Philips.
Ele contou que também foi ameaçado – juntamente com o irmão Eliezio Marubo, o indigenista Orlando Possuelo e Francisco Cristóvão, da equipe técnica de indigenistas – e que deixou o Vale do Javari por recomendação das autoridades de segurança locais devido aos riscos.
“Faço um apelo: nós perdemos um grande brasileiro [em relação a Bruno]. Precisamos de intervenção agora no Vale do Javari”, afirmou Beto Marubo ao ministro Luís Barroso.
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O ministro do STF mostrou interesse em conhecer a realidade local para eventuais providências na ADPF 709 – que trata da proteção dos povos indígenas, da qual é relator.
Segundo o líder indígena, ao longo dos últimos anos, Bruno Pereira treinou as comunidades a usarem recursos e tecnologias atuais para poderem qualificar as informações, de forma técnica, sobre o aumento das invasões do território indígena Vale do Javari, constatando a atuação de quadrilhas organizadas em atividades ilícitas na região.
De acordo com Beto, outra morte que pode estar associada ao crime envolvendo Bruno e Dom é a de Maxciel Pereira dos Santos, morto com dois tiros na cabeça em Tabatinga em 2019. Ele chefiou, por cinco anos, o Serviço de Gestão Ambiental e Territorial da Coordenação Regional do Vale do Javari.
Beto Marubo relatou a Barroso três pontos:
– O abandono da região pelo Estado, com desmonte da Funai (órgão que deveria evitar o desmonte), constantes alegações das Forças Armadas de falta de recursos para operações necessárias e dificuldade da Polícia Federal em articular ações sem apoio das Forças Armadas;
– As consequências da atuação das quadrilhas internacionais envolvendo brasileiros, peruanos e colombianos que exploram pesca ilegal (pirarucu e peixe liso, bem como de peixes ornamentais) e caça ilegal;
– Que Bruno foi morto por ter feito o mapeamento dessas atividades ilegais e da logística adotada pelos integrantes das quadrilhas e entregou ao MPF, além de ter dado ciência à Polícia Federal em Tabatinga.
O líder indígena apelou: “É preciso que se investigue essas quadrilhas, essa rede de criminosos, que protejam nossa terra.”