“A nossa entidade de classe não tem que participar desse tipo de manifestação. Não podemos defender as pautas do presidente e sim as bandeiras da nossa categoria”, disse ex-ministro da Agricultura e uma das principais lideranças do agronegócio no país
O ex-ministro da Agricultura e uma das principais lideranças do agronegócio no país, Blairo Maggi (PP), criticou o fato da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) estar mobilizando uma paralisação nacional no dia 7 de Setembro para pressionar o Senado Federal aprovar o voto impresso e o impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
“A minha posição é contrária à do presidente Antônio Galvan. A nossa entidade de classe não tem que participar desse tipo de manifestação. Não podemos defender as pautas do presidente [Jair Bolsonaro], e sim as bandeiras da nossa categoria”, disse Blairo nesta segunda-feira (13). Ele informou que ligou pessoalmente para o presidente da entidade para expressar sua reprovação a esta participação.
Para Blairo, Galvan estaria extrapolando ao colocar a Aprosoja Brasil como organizadora e financiadora de manifestações pró-presidente da República. “A manifestação individual é livre. Cada um pode defender o que pensa, quem quiser. Mas não podemos colocar a entidade. Porque se não vai parecer que todos os associados pensam como o presidente Galvan, e eu penso diferente dele”, completa.
O empresário disse ainda que, caso Galvan queira insistir em colocar a Aprosoja Brasil como organizadora destas manifestações, deveria convocar uma Assembleia Geral para que todos os associados participem e decidam. “Repito, o Galvan é livre para defender politicamente o que ele quiser. Mas que ele faça isso enquanto cidadão e não como entidade. A entidade é maior e representa milhares de produtores”, pontuou.
O clima ficou ainda mais tenso após a declaração do músico Sérgio Reis, que anunciou nas redes sociais que um setor dos produtores de soja e caminhoneiros, iriam dar 72h para o Senado atender suas reivindicações, sob ameaça de uma paralisação nacional das estradas e invasão do Congresso Nacional.
Questionado sobre a declaração, Galvan negou que o movimento defenda uma ruptura institucional. “O Sérgio Reis fala por ele, o nosso movimento será para reivindicar que os Poderes façam sua parte sem interferência de um no outro como está ocorrendo. Agora não vamos defender uma ruptura institucional. Se ele falou isso, é um pensamento dele e não do movimento”, disse Galvan. “Quem conhece o Sérgio Reis, sabe que ele disse aquilo já com umas pingas na cabeça. Aí se exalta se emociona e fala aquilo. Mas pela voz, ele já tinha tomado umas pingas”.
“Nós não vamos invadir e nem quebrar nada. Será da mesma forma que ocorreu em maio. Com a participação de quem defende a democracia e a liberdade de expressão”, disse. Além da Aprosoja Brasil, vários líderes do movimento dos caminhoneiros rebateram as declarações do músico e o desautorizaram a falar em nome da categoria.