
No café da manhã de sexta-feira(19/07) com jornalistas, Bolsonaro, indagado sobre a perseguição de seus sequazes à jornalista Miriam Leitão, impedida de participar da Feira do Livro de Jaraguá do Sul, em Santa Catarina, por ameaças, inclusive de morte, disse o seguinte:
“Ela estava indo para a guerrilha do Araguaia quando foi presa em Vitória. E depois conta um drama todo, mentiroso, que teria sido torturada, sofreu abuso etc. Mentira. Mentira.”
Miriam Leitão foi presa pela ditadura em 3 de dezembro de 1972, aos 19 anos, grávida, quando era militante do Partido Comunista do Brasil (PCdoB).
A prisão foi no Espírito Santo. Ela e seu marido na época, Marcelo Netto, foram conduzidos ao 38º Batalhão de Infantaria do Exército, em Vila Velha, e barbaramente torturados.
A história é contada em detalhes no livro de Matheus Leitão Netto, filho de Miriam e Marcelo, “Em Nome dos Pais”.
Até hoje, ninguém contestou as denúncias de Miriam, na própria auditoria militar em que foi julgada e absolvida, sobre as torturas de que foi vítima.
O mentiroso, portanto, chama-se Jair Bolsonaro.
No Jornal Nacional, na mesma sexta-feira, a Rede Globo divulgou nota de repúdio às declarações de Bolsonaro, em que diz:
“O presidente Jair Bolsonaro recebeu nesta sexta-feira (19) um grupo de jornalistas estrangeiros para um café da manhã. Os jornalistas cobraram do presidente um comentário sobre o ato de intolerância de que foi vítima a jornalista Miriam Leitão, no fim de semana.
“Miriam e o marido, Sérgio Abranches, participariam de uma feira literária em Jaraguá do Sul, Santa Catarina. Em redes sociais, foi organizado um movimento de ataques e insultos à jornalista, cuja postura de absoluta independência foi tratada como um posicionamento político de esquerda e de oposição ao governo Bolsonaro.
“Em resposta aos correspondentes internacionais, o presidente Jair Bolsonaro disse que sempre foi a favor da liberdade de imprensa e que críticas devem ser aceitas numa democracia.
“Mas, depois, afirmou que Miriam Leitão foi presa quando estava indo para a Guerrilha do Araguaia para tentar impor uma ditadura no Brasil e repetiu duas vezes que Miriam mentiu sobre ter sido torturada e vítima de abuso em instalações militares durante a ditadura militar que governava o país então.
“Essas afirmações do presidente causam profunda indignação e merecem absoluto repúdio. Em defesa da verdade histórica e da honra da jornalista Miriam Leitão, é preciso dizer com todas as letras que não é a jornalista quem mente.
“Miriam Leitão nunca participou ou quis participar da luta armada. À época militante do PCdoB, Miriam atuou em atividades de propaganda.
“Ela foi presa e torturada, grávida, aos 19 anos, quando estava detida no 38º Batalhão de Infantaria em Vitória. No auge da ditadura de 64, em 1973, Miriam denunciou a tortura perante a 1ª Auditoria da Aeronáutica, no Rio, enfrentando todos os riscos que isso representava na época.
“Narrou seu sofrimento aos militares e ao juiz auditor e esse relato consta dos autos para quem quiser pesquisar.
“A jornalista foi julgada e absolvida de todas as acusações formuladas contra ela pela ditadura. A absolvição se deu em todas as instâncias.”
A íntegra, em vídeo, pode ser consultada em Globo repudia em nota ataques de Bolsonaro a Miriam Leitão.
C.L.
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Ele mente a toda hora e em tudo , um homem sem carater,o nome dele deveria
ser Pinóchio.
Um povo que não conhece sua história, está fadado a cometer o mesmo erro.