Segundo o site O Antagonista, um parlamentar com acesso ao Palácio do Planalto relatou que Jair Bolsonaro (sem partido) está “bufando de raiva” com o depoimento do presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, à CPI da Pandemia nesta terça-feira (11), que terminou há pouco.
Ao ser informado da notícia do site, Barra Torres disse que não viu a nota.
“Não vi, realmente, estou totalmente desconectado de qualquer mídia eletrônica e os servidores da Anvisa que estão comigo estão fazendo a gentileza de me manter assim, porque aí permaneço focado nas respostas para esta CPI”, declarou.
Mas Barra Torres destacou que “as respostas aqui foram rigorosamente verdadeiras e não sei se provocariam esse tipo de reação. Não tenho como avaliar, nem tenho controle sobre isso”, afirmou.
Ao ser questionando sobre sua reação diante da raiva de Bolsonaro, Torres respondeu que: “Minha reação é continuar vivendo como sempre fiz”.
“Não modifico em absolutamente nada. Acho que as amizades existem para atravessar qualquer tipo de problema, não tenho a menor ideia, não vi notícia nenhuma. Mas de minha parte, não há o que ser mudado. Nós estamos trabalhando numa linha que me parece adequada e correta e é nela que a gente vai continuar. Não vou ter reação nenhuma, não. Eu vou manter a minha conduta”, completou.
Na CPI, Barra Torres afirmou que se arrependeu de aparecer ao lado de Bolsonaro numa das manifestações em frente ao Palácio do Planalto, em que Bolsonaro estava sem máscara e cumprimentando seguidores aglomerados.
“É óbvio que em termos da imagem que isso passa, hoje tenho plena ciência de que se pensasse mais 5 minutos não teria feito”, afirmou.
Ele disse que foi ao Palácio Planalto para conversar em particular com Bolsonaro. “Eu estive no Palácio do Planalto em conversa particular com o presidente naquele dia, havia sim uma manifestação na área em frente ao Palácio do Planalto e quando eu cheguei o presidente deslocou-se para a proximidade dos seus apoiadores o que é comum”, afirmou.
O presidente da Anvisa ainda criticou a ideia da “imunização de rebanho”. Ele também se disse contra “qualquer aglomeração, não usar álcool, máscara e negar a vacina”.
Barra Torres confirmou que a cloroquina é ineficaz e que “até o momento, as informações vão contra a possibilidade do uso na Covid-19”. “Minha posição sobre tratamento precoce da doença não contempla essa medicação”, afirmou.
O presidente da Anvisa afirmou, no depoimento dele, que a cloroquina é ineficaz e que o único tratamento precoce é a testagem em massa.
Ele também confirmou a tentativa de fraudar a bula da cloroquina, fato relatado pelo ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.
Mandetta contou no seu depoimento na CPI que foi chamado a uma reunião em que Barra Torres estava presente.
Na reunião, a médica bolsonarista Nise Yamaguchi, sem qualquer cargo no governo, fez a proposta de mudar a bula da cloroquina para incluir o combate à Covid-19.
No encontro foi apresentado um texto pronto para a publicação, propondo a alteração. Era uma minuta de decreto, sem a insígnia do governo federal.
“Esse documento, ele foi comentado pela doutora Nise Yamaguchi, o que provocou uma reação confesso um pouco deseducada ou deselegante minha. Minha reação foi muito imediata de dizer que aquilo não poderia ser feito”, relatou Torres em seu depoimento.