No velho estilo “espalha vírus”, Bolsonaro patrocinou uma motociata hoje (8) em Brasília, convocada sob o pretexto de comemorar o Dia dos Pais.
A caravana saiu da Esplanada dos Ministérios e circulou pelas cidades de Taguatinga e Ceilândia, locais em que Bolsonaro, como de costume, sem máscara, provocou aglomerações de apoiadores.
A grande maioria dos participantes, inclusive Bolsonaro, estava sem máscara, contrariando orientações das autoridades sanitárias para a contenção da Covid-19.
No Distrito Federal, é lei usar máscara em público, com previsão de multa para quem desobedecer. Além disso, Bolsonaro e os apoiadores se aglomeraram, tanto na concentração do evento, quanto no final.
A mobilização contou com o apoio de grupos de motociclistas que apoiam o mandatário, mas foi possível identificar uma visível desidratação do movimento comparado com o anterior também realizado na capital.
Dois trios elétricos foram perfilados ao longo da motociata, embalando palavras-de-ordem em apoio a Bolsonaro. Os motociclistas foram divididos em dois grupos, o primeiro, formado por pessoas credenciadas para participar do evento, se concentrou em frente ao Palácio do Planalto. O segundo grupo foi dispersado pela polícia e se concentrou ao longo dos estacionamentos dos ministérios.
Os manifestantes, invariavelmente, defendiam o voto impresso no sistema político-eleitoral do país e agrediam o Supremo Tribunal Federal. Ao longo da semana, Bolsonaro assacou vários ataques aos membros da Suprema Corte, sendo retrucado pelo próprio presidente Luiz Fux, que chegou a cancelar uma reunião entre os representantes dos três poderes da República.
Durante toda a manifestação, nenhuma referência às vacinas necessárias para concluir a imunização da população brasileira contra a Covid-19, apesar do país ter superado a marca dos 560 mil mortos pela pandemia.
Muito menos à urgência de uma ajuda emergencial digna para os brasileiros sem renda e sem emprego, pelo menos, de R$ 600, e, menos ainda, ao apoio indispensável ao setor produtivo afetado gravemente pela crise sanitária.
Afinal, são assuntos de menor importância ou sem nenhuma relevância para Bolsonaro e os bolsonaristas.
Para eles, o que importa é sustentar a narrativa do “voto impresso” desferida com o claro propósito de tentar – pelo menos tentar, construir um pretexto para não aceitar a derrota política e eleitoral que se avizinha a passos largos diante do galopante e irrefreável processo de isolamento e desgaste do governo.
Trata-se, também, de numa indisfarçável manobra diversionista diante dos reais problemas do país, enquanto Bolsonaro respalda Guedes e sua equipe econômica na tarefa de alienar algumas joias da coroa, como os Correios e a Eletrobrás, de preferência, para o capital forâneo, ou de turbinar os juros reais que enriquecem escandalosamente os bancos e rentistas em geral.
No Dia dos Pais, em Brasília, a capital do país, Bolsonaro fez questão de reprisar sua velha película segunda a qual o que importa são as motociatas movidas a mentiras e falácias.
Quanto à real situação dos brasileiros…, bem, para Bolsonaro, esse não é um assunto exatamente da alçada do supremo mandatário do país.
MAC