![](https://horadopovo.com.br/wp-content/uploads/2021/07/Ciro-Gomes-Davila.jpg)
O ex-governador do Ceará e pré-candidato à Presidência pelo PDT, Ciro Gomes, foi entrevistado por Roberto D’Ávila, da Globonews, e disse que nas eleições de 2022 quer derrotar Jair Bolsonaro para mudar o modelo econômico e trazer desenvolvimento.
“Nessa eleição nós temos duas tarefas: derrotar o conjunto de valores trágicos que o Bolsonaro representa e, mais importante, construir o Brasil do futuro”, disse.
O ex-governador denunciou as omissões e crimes de Jair Bolsonaro durante a pandemia do coronavírus, que levou centenas de milhares de brasileiros à morte, e disse que ele precisa sofrer um impeachment.
“O Bolsonaro é um criminoso e tem que ser punido. Ele expôs a sociedade brasileira a um assassinato em massa. Não é genocídio, do ponto de vista técnico porque ele não focou um grupo étnico, mas comunidades quilombolas, comunidades indígenas, menos habilitadas imunologicamente para doenças desse tipo, morreram em massa”, sentenciou.
“Se o Brasil tivesse começado a vacinar em dezembro nós tínhamos perdido menos de 300 mil pessoas”, acrescentou.
“Vemos nossos amigos e familiares morrendo por uma doença cuja vacina está sendo aplicada desde dezembro. Um a cada 400 brasileiros, em números redondos, morreu”.
“E agora a gente está assistindo a esse submundo em que um cabo de polícia negocia com um coronel e um reverendo envolvendo uma trama de gângster na vacina. Eu gostaria de dizer que isso é uma atitude genocida, poderia dizer que é de assassino em massa, ou dizer bandidos”, denunciou.
Ciro Gomes disse que nas eleições não vai “bater” em Lula e em Bolsonaro, mas “nas causas da tragédia brasileira, o modelo econômico e o modelo de governança política”.
Para ele, o país vai precisar debater os modelos econômico e de governança política que são praticados sucessivamente nos últimos anos.
“É evidente que qualquer brasileiro minimamente sério sabe que o Lula é muito diferente do Bolsonaro, sob o ponto de vista do respeito ao rito democrático, que é uma diferença fundamental. Mas sob o ponto de vista do modelo econômico e do modelo de governança política, é duro dizer, mas são rigorosamente a mesma coisa”.
Ele criticou a política econômica que é baseada no “tripé macroeconômico”, que é composto pelo “câmbio flutuante, superávit primário e meta de inflação”.
“Qual é a política econômica do Lula? Câmbio flutuante, superávit primário e meta de inflação. Qual é a política da Dilma, que quebrou o país com um governo absolutamente desastrado? Qual foi a política econômica do ‘golpista’ Michel Temer? Câmbio flutuante, superávit primário e meta de inflação. Depois cai no Bolsonaro e qual é a política dominante no Brasil? Câmbio flutuante, superávit primário e meta de inflação”.
Nós precisamos trazer o debate “para o que está acontecendo com o Brasil, porque o Brasil era um dos países que mais crescia no planeta e de repente condena sua população a esse viver tão sofrido de informalidade, de violência, de deseducação, de colapso sanitário, enfim”.
“Por qualquer ângulo que se queira considerar o Brasil está degringolando como nação. Precisamos entender o que aconteceu, porque que aconteceu”, afirmou Ciro Gomes.
“Veja, o modelo econômico morreu. O Brasil está nessa situação por causa disso. Não é por Chico, Mané ou Maria…”, pontuou.
Sobre o modelo de governança política, Ciro criticou que os presidentes anteriores fizeram acordos com setores fisiológicos e corruptos para se manter no poder.
“O Brasil nunca precisou contemporizar com essa ladroeira. É mentira que a gente tem que se aliar com os bandidos sem sermos bandidos. Quem se alia a bandido é quadrilheiro igual o bandido. Isso está levando o Brasil ao fracasso”, argumentou.
IMPEACHMENT
Ciro Gomes disse que Jair Bolsonaro claramente cometeu dezenas de crimes de responsabilidade que podem acarretar em impeachment. “Trata-se de ajuizar se cometer ou não cometeu – e claramente cometeu – 23 crimes bem qualificados e demonstrados. Eu mesmo já assinei três pedidos de impeachment”.
O ex-governador citou o caso descoberto pela CPI da Pandemia de que Jair Bolsonaro cometeu o crime de prevaricação por não ter denunciado para a Polícia Federal o esquema de corrupção do qual foi alertado na compra da vacina Covaxin.
“Qualquer o cidadão, investido da autoridade, recebe documentos dizendo que estão roubando na vacina e não faz uma ligação rápida para a Polícia Federal, para a Controladoria-Geral da União (CGU) e exige uma investigação, ele comete um crime, claro no Código Penal, que chama prevaricação”, finalizou.