O vice-presidente da CPI da Covid, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou que Jair Bolsonaro “conspira contra a democracia” para se manter no poder.
A declaração do parlamentar, que é líder da oposição no Senado, ocorreu durante o debate promovido pelo Grupo Prerrogativas, transmitido ao vivo na manhã de sábado (21) pelo YouTube.
Randolfe disse que Bolsonaro cometeu diversos crimes desde que assumiu o poder e a única alternativa para não enfrentar a Justiça é ser reeleito em 2022. “Ele já está sendo investigado pelo crime de prevaricação. Tenderá a ser enquadrado no crime de charlatanismo. Tem todos os elementos do crime de falsificação de documento público. Tende a ser enquadrado em corrupção passiva”, observou o senador, tendo como base o que foi apurado até agora pela Comissão Parlamentar de Inquérito em andamento no Senado.
Para o senador, as ameaças à democracia por parte do presidente decorrem do fato de que ele, por ver sua popularidade declinar e ter seu nome cada vez mais envolvido em casos suspeitos de irregularidades na Justiça, teme não conseguir se manter no Planalto. Dessa forma, Bolsonaro “se comporta sempre conspirando contra as regras do regime democrático” e arranja “espantalhos para atacar” as instituições e o atual sistema eleitoral.
“Ele [Bolsonaro] se manter no poder passa a ser uma necessidade para ele não ser preso a essa altura. É por isso que ele conspira contra a democracia”, declarou.
“Por isso fica com essas falácias direto, de voto impresso… de criação de crise a todo tempo. Por que ele parou de duelar com a CPI da Covid? Porque é uma agenda que ele vai sempre perder. Então, ele sempre tem que arranjar um espantalho. O STF, o voto impresso, os membros da CPI”, disse Randolfe.
O presidente da República enviou ao Senado, na sexta-feira (20), um pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, relator de inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF) que têm Bolsonaro e seu entorno como alvos. É a primeira vez que um presidente pede o impeachment de um ministro da Corte.
Antes, ele entrou com ação no STF pedindo anulação de artigo do regimento interno que permite a abertura de ofício (isto é, sem iniciativa do Ministério Público) de investigações pelos ministros.
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, também tem sido um dos principais alvos dos ataques de Bolsonaro, que se intensificaram nas últimas semanas em meio à discussão em torno do “voto impresso auditável”.
No início do mês, em viagem a Joinville (SC), o presidente chegou a xingar Barroso de “filho da puta”.
“Aquele filho da puta ainda faz isso. Aquele filho da puta do Barroso”, disse Bolsonaro em meio a uma aglomeração de apoiadores, que como o presidente não usavam máscaras de proteção contra a Covid-19, ou as usavam de forma errada.