Jair Bolsonaro disse que tem “pouco contato” com o deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), a quem concedeu perdão presidencial depois da condenação a 8 anos e 9 meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), e que o ato foi para “dar exemplo ao STF”, ou seja, para confrontar o Supremo.
Silveira foi condenado por ter ameaçado ministros da Corte, chamando-os de“filhos da puta”, “vagabundos” e dizendo que já os imaginou diversas vezes “levando uma surra”, mas foi perdoado por Bolsonaro em menos de 24h.
“O caso do Daniel Silveira que é deputado bolsonarista. Tenho pouco contato com Daniel. Sabia que era do Rio de Janeiro, cabo da PM, tinha suas posições, falou coisas que não gostaria de ouvir dele. Agora, nove anos de cadeia começando regime fechado, cassação de mandato, inelegibilidade e multa é abuso”, disse Bolsonaro na quinta-feira (26).
O perdão foi concedido por Bolsonaro antes mesmo que a área técnica da Presidência conseguisse produzir um parecer técnico.
O decreto foi publicado em uma edição extra do Diário Oficial do dia 21 de abril, às 18h. O parecer técnico, entretanto, só ficou pronto quatro horas depois, às 22h.
As assinaturas eletrônicas dos pareceristas foram registradas entre as 22h51 e 22h56. A decisão não teve, portanto, nenhum embasamento técnico, pois Bolsonaro sequer ouviu a área jurídica da Presidência para editar o decreto.
Daniel Silveira também participou, ao lado da família Bolsonaro, de manifestações que pediam um golpe de Estado e o fechamento do Congresso Nacional e do STF.
Bolsonaro agora diz que tem “pouco contato com o” deputado a quem concedeu a graça presidencial. Tanto antes quanto depois do perdão, existem diversos registros de encontro entre os dois.
Para além dos encontros oficiais, Daniel e Bolsonaro se reuniram por fora da agenda oficial, segundo o Estadão.
Na quarta-feira (25), o deputado foi flagrado na entrada de um elevador no Palácio do Planalto, onde fica o gabinete da Presidência da República.
Jair Bolsonaro perdoou Daniel Silveira porque o conhece e sabe que vai continuar atacando a democracia e tentando abrir espaço para um golpe, o que ele não considera “abuso”.
Para Bolsonaro, “não interessa o que ele falou”, desde que a fala tenha sido contra o STF, que investiga as organizações que produzem fake news e pretendem fechar a Corte.