Frase estava no contexto de mais uma ameaça à democracia. Ele disse que no futuro pode estar “preso, morto ou vitorioso.” Isolamento político, corrupção, desgaste e incompetência parecem ter despertado o medo da cadeia
Jair Bolsonaro voltou a ameaçar a democracia neste sábado (18), em Goiânia, onde está, fazendo aglomerações e ajudando a espalhar a variante delta do coronavírus.
“Temos um presidente que não deseja nem provoca rupturas, mas tudo tem um limite em nossa vida. Não podemos continuar convivendo com isso”, ameaçou ele, sem máscara, durante evento na Assembleia de Deus.
O “limite” a que ele se refere, e ameaça romper, é a existência de instituições da democracia, entre elas o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional, que impõem limites legais e constitucionais às suas insanidades e seus arroubos golpistas. Na mesma ocasião, ou seja, no 1° Encontro Fraternal de Líderes Evangélicos de Goiás, ele afirmou que tem três alterativas para o futuro: estar preso, morto, ou obter “vitória”.
“Pode ter certeza que a primeira alternativa não existe. Estou fazendo a coisa certa e não devo nada a ninguém. Sempre onde o povo esteve, eu estive”, acrescentou.
Como todos nós sabemos que vamos morrer um dia, o fato de Bolsonaro avaliar que no futuro ele poderá bater as botas não é nenhuma novidade. Já a possibilidade de estar preso, hipótese levantada por ele, e que ele mesmo jura que não existe, coisa compreensível, afinal quase todo bandido diz que não deve nada, revela que, ao admitir esta possibilidade, Bolsonaro está apresentando, mesmo que por um curto espaço de tempo, um laivo de lucidez.
Sim, porque, além de ter sido responsável, com sua sabotagem criminosa às medidas sanitárias e à aquisição de vacinas, pela tragédia da Covid-19, que já matou quase 600 mil brasileiros, ter sido responsável, junto com Pazuello, pela morte por asfixia de centenas de amazonenses sem oxigênio, de ter montado, ou no mínimo encoberto, um esquema de propina na compra da Covaxin – descoberto pela CPI da Covid -, ele responde também a um inquérito no Supremo por espalhar mentiras sobre o processo eleitoral e atentar contra a democracia.
Ou seja, a chance de Bolsonaro ser algemado ainda dentro, ou no momento em que deixar o Planalto, não parece algo muito distante das análises políticas atuais. Por isso, essa possibilidade, levantada por ele, neste sábado, também não é de se estranhar. Aliás, no caso, não seria apenas ele a ter esse futuro previsto, mas quase toda a sua família.
O que parece mesmo pouco provável, pelo grau de sua loucura, pelo isolamento político, pelo desastre de seu desgoverno, com inflação disparada, desemprego e pobreza em alta e o risco de apagão no fornecimento de energia elétrica é a terceira hipótese que ele levantou, ou seja ser vitorioso. Mesmo que a “vitória” a que ele se refere seja a de seu plano de dar um golpe.
Como todo fascista, ele acha que pode impor ao país, à força, a vontade de uma minoria de fanáticos, terraplanistas e reacionários. Mas nem para uma aventura dessas ele tem demonstrado reunir forças. No último dia 25 de agosto, por exemplo, ele sofreu três derrotas políticas num mesmo dia. Elas deixaram patentes o seu isolamento e sua fraqueza.
Não falou no Dia do Soldado e ainda teve que ouvir o Comandante do Exército, general Paulo Sérgio, defender a democracia e a Constituição. Logo em seguida, o ministro Edson Fachin, do STF, arquivou sua ação contra o inquérito das fake news e, para completar o dia, o presidente do Senado, senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), enterrou seu pedido de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes.
Além disso, nos últimos dias, aliados e cúmplices do presidente foram alvo de operações da Polícia Federal contra atos ofensivos à democracia e às instituições do Estado.
Em suma, das três hipóteses levantadas por Jair Bolsonaro em mais uma tentativa de ameaçar a democracia, a primeira, sem dúvida é, disparada, a mais forte.
No final ele repetiu: “Deus me colocou aqui, e somente Deus me tira daqui”, numa frase já comum em suas declarações, desde que começou a crescer a rejeição ao seu governo. Essa afirmação também não é novidade. Como diz a sabedoria popular, “a voz do povo é a voz de Deus. Então, seguramente, com o andar das últimas manifestações e pesquisas, ele poderá em breve sair do governo pela vontade quase unânime do povo, ou seja, pela vontade de Deus.
se preso, o genocida(bolsonaro) vai dar muito prejuízo aos contribuintes, melhor que morra.