Para esconder ‘acordão’ em torno desse valor, ele inventou que, se não apoiasse, poderia ser acusado por crime de responsabilidade. A Consultoria de Orçamento e Fiscalização da Câmara dos Deputados diz que isso não é verdade
Jair Bolsonaro está tentando esconder de seus seguidores – alguns já bastante desconfiados – que participou do conchavo espúrio para viabilizar o escandaloso aumento do valor do fundo eleitoral de R$ 1,7 bilhões para R$ 4 bilhões. Os governistas do Congresso haviam apoiado uma manobra ainda mais escandalosa, a de triplicar o valor do fundão, elevando-o de R$ 1,7 bilhão para R$ 5,7 bilhões.
O repúdio da sociedade brasileira foi imediato. Triplicar, ou mesmo dobrar, o valor do fundo eleitoral em plena pandemia, como queriam os governistas, foi considerado uma afronta. Ainda mais num momento em que faltam investimentos na saúde, na educação, nas obras de infraestrutura, na Ciência e Tecnologia, Cultura, na criação de empregos, etc.
Para justificar o seu apoio ao acordão em torno do fundo de R$ 4 bilhões, Bolsonaro inventou a desculpa de que se ele não apoiasse a proposta, poderiam acusá-lo de cometer crime de responsabilidade. Pura balela. A Consultoria de Orçamento e Fiscalização da Câmara dos Deputados emitiu um parecer em que desmente a falsa argumentação de Bolsonaro de que é obrigado a sancionar o fundo eleitoral em um patamar de R$ 4 bilhões.
De acordo com o órgão, as duas leis vigentes que tratam do tema determinam, na verdade, que sejam destinados ao menos R$ 800 milhões às campanhas políticas do ano que vem. Nas eleições de 2020, já com o dedo de Bolsonaro, esse valor ficou em R$ 2 bilhões e, para 2022, os líderes do governo e demais bolsonaristas do Congresso tentaram a manobra de embutir na Lei de Diretrizes Orçamentárias o criminoso aumento para R$ 5,7 bilhões.
Figurinhas carimbadas do bolsonarismo, inclusive os filhos do presidente, que votaram a favor da proposta, quando viram o estrago que ela causou, tentaram desconversar e tirar o corpo fora. Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) fez até vídeo tentando se explicar.
Disse que foi obrigado a votar da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Ele só não explicou por que a base do governo escondeu a manobra do fundão dentro da LDO. Os líderes do governo, tanto na Câmara quanto no Senado, podiam rejeitar a votação em bloco, separar o valor do fundo eleitoral, mas não o fizeram. Estava tudo combinado.
Quando estourou o escândalo, tanto Eduardo quanto Jair Bolsonaro tentaram jogar a culpa no colo do vice-presidente da Câmara, deputado Marcelo Ramos (PL-AM), que conduziu a votação. Marcelo Ramos imediatamente os desmentiu. Ele reafirmou que a votação foi feita sem que nenhum líder do governo protestasse. Estava tudo arranjado pela base governista para aprovar o novo fundão.
Depois, quando Bolsonaro selou e anunciou o acordo no valor de R$ 4 bilhões, o deputado não perdoou. “Não precisou de muito tempo para a máscara do presidente cair e ficar claro que ele sempre desejou e deseja o aumento do Fundo Eleitoral”, denunciou. “Bolsonaro, cumpra a sua palavra, vete tudo!”, desafiou Marcelo Ramos.
A fiel escudeira de Bolsonaro, Carla Zambelli (PSL-SP), também tentou dar explicações. Ela disse que “o orçamento, em si, precisava ser aprovado. (Não aprovar a LDO) é uma irresponsabilidade”. “Se não conseguisse aprovar o orçamento você atrasa todas as contas do governo do resto do ano”, afirmou a deputada, que, mesmo tentando enrolar, foi hostilizada por seguidores no Twitter.
Bolsonaro, como se sabe, já desviava recursos públicos de seus funcionários desde quando era deputado federal, prática que foi ampliada por seu filho, o hoje senador Flávio Bolsonaro. Segundo o Ministério Público do Rio de Janeiro, Flávio desviou cerca de R$ 6 milhões da Assembleia Legislativa do estado, através desse esquema. Por essas e outras, é bom lembrar que foi exatamente em função de uma disputa de vida ou morte pelo controle de um milionário fundo partidário que Jair Bolsonaro e seus filhos abandonaram o PSL.
Bolsonaro: além de mentiroso e incompetente apoia o nazismo ou seja não serve pra nada.