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“Pergunte à sua mãe, presidente Jair Bolsonaro, qual foi a vacina que ela recebeu no seu braço. […] Pergunte à sua mãe que vive aqui no Vale do Ribeira, em São Paulo, se ela concorda com essa sua maldade”, disse o governador paulista
O governador de São Paulo João Doria (PSDB) rechaçou, durante coletiva de imprensa nesta sexta-feira (5), as declarações dadas por Bolsonaro, ontem, em meio aos repetidos recordes de mortes diárias por Covid-19 registrados no Brasil, em que chamou de ‘mimimi’ o combate à pandemia. Segundo Doria, Bolsonaro “é uma vergonha nacional”.
“Vidas que se vão, vidas que se perdem, país entristecido, machucado, ferido. E o presidente da República lançando reptos: ‘Vai pedir vacina para sua mãe’”, lembrou o governador indignado.
“Pergunte à sua mãe, presidente Jair Bolsonaro, qual foi a vacina que ela recebeu no seu braço. Pergunte se ela concorda com essa sua observação, com esse seu repto, com essa sua falta de educação, aliás, corriqueira no seu comportamento. Pergunte à sua mãe que vive aqui no Vale do Ribeira, em São Paulo, se ela concorda com essa sua maldade. Triste Brasil, triste Brasil este do mito, Jair Bolsonaro”, criticou o governador paulista.
De início, o governador lamentou a situação em que o Sistema de Saúde chegou. “Fico muito triste em ter que anunciar que a saúde pública no Brasil está na iminência de sofrer um completo colapso. Nosso país virou uma ameaça sanitária não apenas aos brasileiros, mas ao mundo. O Brasil hoje é o epicentro da pandemia com 17% dos casos de Covid no planeta. Os dados são da Organização Mundial de Saúde”, informou Doria.
O país vive uma situação critica no atual momento. Segundo os dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), o Brasil registrou até esta quinta-feira (4), 260.970 óbitos em decorrência do coronavírus. Apenas na quarta-feira, foram registrados 1.910 mortes. Número recorde desde o início da pandemia.
Doria criticou a conduta tomada por Bolsonaro desde o início da pandemia. “Uma situação trágica, dramática, na eminência do maior colapso de saúde pública do mundo, o que faz o presidente da República do Brasil? No pior momento da epidemia, o maior número de mortes, o maior número de infecções, o maior risco de falta de vacinas. O presidente viaja, promove aglomerações, anda de jet-ski, assa leitõezinhos em casa, exalta o ‘chega de mimimi’, ‘pare de frescura’, ‘vão chorar até quando?’ ‘Quer vacina? Vai pedir para sua mãe’”.
“Triste, muito triste o país que tem um presidente da República que diante de uma pandemia dessa ordem, mais de 260 mil brasileiros mortos, se comporta dessa maneira. Que presidente é esse que nós elegemos para o Brasil? Que tristeza, que vergonha, uma vergonha mundial. Comprometendo o país e mais do que tudo, comprometendo vidas”, lamentou o governador.
Doria ainda apontou a falta de humanidade do presidente e sua escolha por levar o país ao caos social, político e econômico. “Jair Bolsonaro parece ter alergia ao mundo real, aliás eu me pergunto, em que mundo vive Jair Bolsonaro? Qual é o seu mundo? Não é o nosso, o mundo daqueles que combatem o vírus e tentam preservar a vida. O mundo do Bolsonaro não é este. Bolsonaro prefere encher os hospitais e lotar os cemitérios. Antes o custo de Bolsonaro prejudicava a saúde e a vida, hoje o custo de Bolsonaro adoece a economia, aumenta o desemprego, amplia a falta de credibilidade no Brasil em todos os mercados internacionais”.
“O Brasil neste momento não tem o menor controle sobre a pandemia, se ainda tiverem em dúvidas leiam os relatórios de ontem da OMS, se ainda tiverem dúvida acessem pelos seus celulares, utilizem o Google e vejam o que dizem os principais jornais do mundo, as principais emissoras de TV do mundo, sobre Jair Messias Bolsonaro, um negacionista que prefere fazer brincadeiras e reptos ao invés de ter seriedade na sua conduta, e compaixão e solidariedade pelos mortos do seu país, e por aqueles que estão doentes a espera de socorro”, ressaltou o governador de São Paulo.
A falta de planejamento do Ministério da Saúde também foi criticada durante o discurso do governador paulista que destacou a incompetência da pasta dirigida por Eduardo Pazuello, que não tem qualquer compromisso com a compra e a distribuição das vacinas contra o coronavírus.
“É uma vergonha também o comportamento do Ministério da Saúde, que ministério é este que não consegue planejar, orientar, confirmar, e sequer fazer logística de vacinas, do pouco que tem, ainda faz errado. Promete vacinas, e não entrega vacinas”, sentenciou.
Ele ainda destacou o papel fundamental que o Instituto Butantan, de São Paulo, tem nessa pandemia. No momento, as doses do instituto representam 90% da vacinação nacional. “Se o Brasil tem hoje vacinas, deve ao Instituto Butantan, se o Ministério da Saúde hoje distribui vacinas hoje pelo Brasil, deve ao Instituto Butantan de São Paulo. O Ministério não reconhece isso, mas essa é uma realidade que todos sabem. A cada dez vacinas aplicadas no braço dos brasileiros, nove são do Butantan”.
“O Ministério da Saúde a cada dia fala em milhões de doses de vacinas, como Governador do Estado de São Paulo eu pergunto: Onde estão as vacinas? A cada dia uma promessa, a cada dia uma expectativa, e os brasileiros praticamente só estão recebendo as vacinas do Butantan”, salientou Doria.
SORO NO TRATAMENTO DA COVID-19
Na coletiva desta sexta-feira, o governo de São Paulo anunciou o pedido de registro de testes na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de um soro para tratamento da Covid-19 pelo Instituto Butantan.
“O Instituto Butantan, que provém hoje, nove de cada dez vacinas aplicadas no Brasil está desenvolvendo um soro para tratar e curar pacientes com Covid-19. O Instituto Butantã já protocolou na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) o pedido de autorização para que pacientes com Covid possam ser tratados com o soro desenvolvido pelos cientistas do Instituto Butantan”, contou Doria.
A expectativa é de que na próxima semana a agência autorize o início destes testes. Segundo o governador, “não há razão para protelar a autorização do início destes testes, já que todas as informações necessárias já foram providas pelo Instituto Butantan para a Anvisa”.
O soro desenvolvido pelo Instituto Butantã tem grande potencial para evitar o agravamento dos sintomas e curar os contaminados pela Covid-19. Os estudos estão sendo conduzidos na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo em conjunto com membros do centro de contingência do Covid-19 do Estado de São Paulo. “O Instituto Butantan já tem prontos, três mil frascos deste soro para serem utilizados imediatamente neste estudo clínico”, afirmou Doria.
“Percebem a diferença de um governo que se preocupa com a vida, com a saúde, com a existência, que respeita a ciência, e de um governo que debocha das pessoas, que despreza vidas, que não investe nas vacinas, que não acredita na ciência. Essa é a diferença de quem acredita na vida e de quem despreza a vida”, salientou Doria, comparando com o trabalho desenvolvido pelo governo federal.