O ex-governador de São Paulo e candidato ao Senado por São Paulo, Márcio França (PSB), afirmou que, ao insistir nos ataques a democracia e ao processo eleitoral brasileiro, Bolsonaro criou um movimento que nem ele esperava. “Ele [Bolsonaro] acabou despertando a sensação de que poderia não ter democracia, além da desconfiança das urnas”, disse.
França afirmou que mesmo que seja um blefe, quem viveu e combateu a ditadura militar iniciada em 1964, se sente unida na luta para impedir qualquer avanço totalitário. “Os paulistas têm uma tradição forte quanto a isso [defesa da democracia]. De repente, ele soltou uma Juma Marruá que ele não estava prevendo”, completou, fazendo referência à personagem da novela Pantanal, da TV Globo.
Márcio França esteve no ato do 11 de agosto na Faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco, que reuniu personalidades de diferentes setores para leitura solene da Carta às brasileiras e brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito, que já atinge quase 1 milhão de assinaturas.
O ex-prefeito de São Paulo e candidato a governador, Fernando Haddad, afirmou que o ato de hoje ocorre em virtude do desrespeito de Bolsonaro à Constituição Federal. “Há uma ameaça à Constituição, reiterada por ele (Bolsonaro) todos os dias” disse.
Haddad lembrou que como chefe do poder Executivo, as falas de Bolsonaro são ainda mais perigosas e intoleráveis. “Independentemente do nome estar sendo citado [ou não na Carta], ele é a maior razão de ser, porque representa, enquanto chefe do poder Executivo, uma ameaça concreta pelo estímulo à violência e intolerância”, completou.
A Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito reuniu mais de 940 mil assinaturas, manifestando-se a favor do sistema eleitoral, das urnas eletrônicas e dos pilares da democracia brasileira. Hoje também foi lida o manifesto organizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que reuniu assinaturas como a da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) e da Federação Paulista do Comércio (Fecomércio-SP).
A data para leitura dos documentos foi escolhida por marcar o dia em que o advogado Gofredo da Silva Telles Júnior lia, também no Largo São Francisco, a Carta aos Brasileiros que expressava o desejo por uma democracia forte e imponente em meio à ditadura militar. É um dia simbólico da luta pelo retorno do Estado Democrático de Direito e combate ao sombrio período da história brasileira, o da ditadura militas que durou de 1964 a 1985.