O prefeito cobrou do presidente a redução de 97% das transferências voluntárias da União para a cidade de São Paulo e criticou o candidato apoiado pelo presidente, que “também não ajudou a cidade”
O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), candidato à reeleição, criticou, durante sabatina realizada pelo jornal “Estadão” na quinta-feira (15), a queda nos recursos federais repassados pelo governo Jair Bolsonaro à capital paulista. “Ele [Bolsonaro] podia explicar por que virou as costas para a cidade de São Paulo nesses dois anos”, cobrou o prefeito.
Covas acrescentou que “o candidato apoiado pelo presidente, Celso Russomanno (Republicanos), que é deputado federal, também não ajudou a buscar mais recursos para a cidade”.
“Já que o presidente está focado na campanha do Celso Russomanno, ele poderia dizer por que diminuiu as transferências voluntárias à cidade de São Paulo em 97%, quando comparado com o último ano da gestão (Michel) Temer”, disse Covas.
Ele não classificou os cortes de verbas federais diretamente como boicote, mas indagou aos jornalistas o que eles achavam que eles significavam. “Vocês podem classificar o que é isso”, disse ele na sabatina.
Covas esclareceu que, apesar da queda nos repasses voluntários do governo federal para a cidade de São Paulo, a Prefeitura conseguiu obter um total de R$ 2,5 bilhões extraordinários com os governos estadual e federal para o enfrentamento da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus.
Perguntado como se considera, se de esquerda ou de direita, Covas mostrou bom humor. Respondeu que durante os governos petistas foi chamado de neoliberal, enquanto no governo atual já foi chamado de comunista. Segundo ele, isso depende da visão individual de cada um. “As pessoas têm entendimentos distintos do que é esquerda e do que é direita. Não tenho problema em aprofundar parcerias com o setor privado”, explicou.
Ele também destacou a sua visão sobre o papel do Estado. “Eu não sou a favor do Estado mínimo ou do Estado máximo, eu sou a favor do Estado necessário para reduzir desigualdades”, defendeu o prefeito.
Sobre a proposta de auxílio emergencial, Covas afirmou que a Prefeitura pode complementar a ajuda que foi aprovada pelo Congresso. Segundo o prefeito, “há recursos em caixa para pagar uma complementação do auxílio emergencial federal para um milhão de moradores até o fim deste ano”.
Ele reiterou ainda seu apoio a um projeto de lei do vereador Eduardo Suplicy (PT) que trata da transferência de renda. Covas acrescentou que o assunto não havia sido discutido antes pois havia incerteza sobre a situação orçamentária. “Fomos tratando a cada semana com uma nova avaliação das contas públicas”, ponderou.
“Já fizemos as contas, é possível complementar (o valor) para um milhão de pessoas na cidade de São Paulo, algo em torno de R$ 100 por mês em outubro, novembro e dezembro”, disse o tucano.
Sobre a volta às aulas, um tema que tem preocupado bastante as famílias paulistanas, Covas disse que vai agir com muito cuidado. Ele reiterou sua decisão de reabrir escolas municipais apenas para atividades extracurriculares, sem o retorno de aulas com conteúdo curricular.
Ele disse que a gestão municipal aguarda o resultado de pesquisas que devem mostrar quantos alunos e professores estão imunizados contra a Covid-19. “Estamos seguindo o recomendado pela área da Saúde. Não tenho satisfação em determinar fechamento de escola, mas sou responsável pela saúde dos alunos na rede municipal”, afirmou.