O Ministério da Saúde palestino informou que 70% das vítimas em Gaza são crianças, mulheres e idosos. 69 instalações de Saúde foram atacados e 73 profissionais foram assassinados por bombas
O porta-voz do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Stéphane Dujarric, afirmou, na sexta-feira (27), que confia nos dados oferecidos pelo Ministério da Saúde palestino sobre o número de mortos e feridos provocados pelos bombardeios de Israel contra a Faixa de Gaza.
“Quando se trata de Gaza, confiamos no Ministério da Saúde de Gaza como fonte de números de vítimas naquela área”, declarou o representante de António Guterres numa conferência de imprensa, alegando que continuam a “incluir os seus dados” nos relatórios que fazem.
O funcionário da ONU destacou que não foi encontrado nenhum indicio ou evidência de que os números administrados pela entidade de saúde palestina sobre os mortos e feridos durante os bombardeios israelenses estejam incorretos.
Atualizando as informações, em Ramallah, sede da Autoridade Nacional Palestina, o Ministério informou num comunicado que, neste sábado (28), o número de mortes na Faixa de Gaza atingiu 7.650, enquanto o número de mortos na Cisjordânia também subiu para 111. Além disso, informou o ministério, 19.450 palestinos ficaram feridos em Gaza e outros 1.950 na Cisjordânia.
De acordo com a declaração, surpreendentes 70% das vítimas em Gaza são crianças, mulheres e idosos, destacando o impacto devastador da agressão genocida israelita em curso sobre a população civil.
Dujarric, para não deixar dúvidas, insistiu em que nos relatórios do Ministério identificam sempre a fonte dos dados fornecidos para maior clareza, não tendo nenhum questionamento sobre os números das autoridades palestinas.
As declarações do representante da ONU ocorreram depois que o presidente norte-americano, Joe Biden, questionou o número de palestinos mortos pelos bombardeios de Israel na Faixa de Gaza.
O porta-voz do Conselho de Segurança dos EUA, John Kirby, e a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, sem nenhuma prova ou evidência concreta, disseram que qualquer informação proveniente do Ministério da Saúde de Gaza deveria ser tratada com ceticismo.
SEM COMBUSTÍVEL PARA TRANSPORTAR AJUDA HUMANITÁRIA
O Ministério também deu o alarme relativamente à escassez de combustível, que afetou gravemente a entrega de ajuda humanitária.A Agência das Nações Unidas de Assistência e Obras (UNRWA), o maior fornecedor de assistência humanitária em Gaza, quase esgotou as suas reservas de combustível e foi forçada a reduzir significativamente as suas operações.
Apenas 84 caminhões que transportam água, alimentos e material médico conseguiram entrar pela passagem de Rafah desde o dia 21 deste mês, disse o Ministério. A Organização Mundial da Saúde está agora trabalhando em coordenação com a Sociedade do Crescente Vermelho Palestino para facilitar a entrega desses fornecimentos aos hospitais.
A situação no sistema de saúde de Gaza é igualmente preocupante. Segundo o Ministério da Saúde, 69 instalações de saúde foram atacadas, estando 12 delas fora de serviço. Essas instalações incluem o Hospital Internacional de Olhos, Hospital Dar Al-Salam, Hospital Al-Yemen Al-Saeed, Hospital Psiquiátrico, Hospital Beit Hanoun, Hospital Infantil Durra, Hospital de Reabilitação Hamad, Hospital Al-Karama e Hospital de Cirurgia Médica e Especializada Al-Wafa. Isso representa 34% dos hospitais de Gaza. 65% dos centros de saúde primários estão fechados.
Os profissionais de saúde foram alvos de mais de 260 ataques que foram documentados, resultando na morte de 73 profissionais de saúde, em mais de 100 feridos e em 50 ambulâncias completamente fora de serviço.
CORTE DE TELECOMUNICAÇÕES E INTERNET
A ONU informou este sábado (28) que perdeu contacto com várias das suas agências que prestam ajuda humanitária na Faixa de Gaza devido à interrupção das telecomunicações e da internet no território palestino.
A organização internacional observou que o Gabinete de Coordenação das Nações Unidas, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) perderam a comunicação com o seu pessoal na Faixa de Gaza.
Por seu lado, o Crescente Vermelho Palestino (equivalente à Cruz Vermelha) expressou o seu receio de não poder continuar a prestar os seus serviços de emergência, acrescenta o relatório da ONU.
A interrupção deliberada das telecomunicações complica ainda mais o trabalho humanitário na Faixa de Gaza, já limitado pela falta de combustível, necessário ao funcionamento dos geradores de energia que mantêm dois terços dos hospitais e um terço das clínicas abertas, ou para a dessalinização das plantas que permitem que ainda haja água potável, assinalou a Agência de Informação da Palestina, Wafa.