Medalhas, recordes e goleadas marcaram a primeira semana do Brasil nas Paralimpíadas de Tóquio que prometem ser históricos. O país que possui a quinta maior delegação da competição, ocupa a sexta posição no ranking geral de medalhas.
Na madrugada de domingo, duas medalhas de ouro de Elisabeth Gomes, com recorde mundial batido duas vezes, e Claudiney Batista vieram no atletismo, onde o Brasil ainda somou duas pratas com Vinícius Rodrigues e Alessandro Rodrigo, a mesma de Bruna Alexandre no tênis de mesa na madrugada desta segunda (30). O Brasil avançou às fases finais com goleadas no futebol de 5 e no goalball feminino.
Elisabeth Rodrigues Gomes, de 56 anos, chegou ao ouro do lançamento do disco da classe F53 (atletas cadeirantes com sequelas de poliomielite, lesões medulares ou amputações) com o recorde mundial de 17,62m em sua última tentativa (havia batido também na penúltima, com 17,33m). Foram quase dois metros a mais que as ucranianas Iana Lebedieva, prata com 15,48m, e Zoia Ovsii, bronze com 14,37m.
Beth chorou muito com a medalha, em sua primeira conquista em Jogos Paralímpicos. Beth, que está com 56 anos e sofre de esclerose múltipla, havia ficado fora dos Jogos do Rio-2016 por causa de reclassificação funcional
“Não sei se estou sonhando, se estou acordada vivendo esse grande feito. Esperei cinco anos pra buscar essa tão sonhada (medalha de ouro) da Paralimpíada depois que me tiraram da Rio-2016. É uma emoção muito grande poder viver mais uma página da minha vida. Só tenho gratidão. Muitos não acreditavam que eu poderia ser capaz. Mas eu acreditei e muitas pessoas me apoiaram e hoje estou aqui. Sou abençoada por Deus. Tenho gratidão à minha família, aos meus amigos, a todos que estavam e estão torcendo por mim. As palavras hoje fogem, mas eu estou na realidade. Estou muito feliz”.
No final de semana, o Brasil garantiu ainda ouro com Alana Maldonado no Judô, Maria Carolina Santiago na Natação, Mariana D’Andrea no Halterofilismo e Gabriel Araújo na natação.
O Brasil está a apenas um de seu centésimo na história das Paralimpíadas. Os resultados levam o país novamente para o sexto lugar no quadro geral de medalhas. São 35 no total, sendo 12 de ouro, oito de prata e 15 de bronze.
Os brasileiros estão empatados em ouro com os ucranianos, que desempatam nas pratas (tem 27). E ultrapassam os australianos, que têm 11 de ouro.
A meta do Comitê Paralímpico Brasileiro para Tóquio-2020 é terminar entre os top-10, sendo que a melhor colocação do país é o sétimo lugar de Londres-2012, como total de 43 medalhas, com 21 ouros, 14 pratas e oito bronzes.
Ainda nesta segunda, o nadador Daniel Dias participa das eliminatórias de sua última prova da carreira, às 22h34. Serão os 50m livre da classe S5, depois de ficar fora da final dos 50m costas com pódio fechado por chineses.
Na bocha, o Brasil teve alguns classificados e outros eliminados. Na classe BC1, José Carlos Chagas superou Tomar Kral, da Eslováquia, por 4 a 2, e se classificou. Maciel Santos, que venceu Claire Taggart, da Grã-Bretanha, por 8 a 1, já estava garantido na próxima fase da classe BC2. Eliseu Santos venceu Yuk Leung por 6 a 4 e também avançou na BC4. Evelyn Oliveira, porta-bandeira do Brasil na cerimônia de abertura, derrotou o australiano Daniel Michel por 3 a 2 e avançou com 100% de aproveitamento.
Por outro lado, Guilherme Moraes, Evani Soares, Natali de Faria e Mateus Carvalho perderam e foram eliminados, mas ainda disputam na competição por equipes. Moraes chegou a jogar mais uma vez, e venceu, mas não foi o suficiente para se classificar.
Rodolpho Riskalla fechou sua apresentação no hipismo adestramento estilo livre em quinto lugar. O cavaleiro fez uma boa apresentação, mas não conseguiu voltar ao pódio em Tóquio, após levar uma prata no hipismo adestramento. Com o cavalo Don Henrico, o brasileiro somou 74.070. O ouro ficou com a holandesa Sanne Voets, com 82.085. Louise Jakobsson, da Suécia, com 75.935, e Manon Clayes, da Bélgica, com 75.680, completaram o pódio.
Meirycoll Duval acabou eliminada na segunda rodada, ao levar dois ‘pneus’ e é superada pela japonesa Yui Kamiji por 2 sets a 0 (6/0, 6/0). Com o resultado, ela se despede da disputa no simples feminino.
Alexandre Galgani não conseguiu vaga para a etapa final da carabina de ar 10m SH2, na classe R4. Ele fechou as eliminatórias na 22ª colocação, com 622 pontos. Galgani ainda disputa outras duas provas do tiro esportivo nas Paralimpíadas de Tóquio.
Esperança de medalha do Brasil no tiro com arco, Jane Karla acabou eliminada nas oitavas de final do composto individual. Ela enfrentou a campeã mundial da categoria, a italiana Eleonora Sarti, que levou a melhor por 146 a 140. A brasileira havia garantido a classificação com a terceira melhor campanha na primeira fase.