Os estudos clínicos da ButanVac, vacina contra o coronavírus que está sendo desenvolvida pelo Instituto Butantan, com produção integral no Brasil, sem necessidade de importação de matéria-prima, começaram nesta sexta-feira, 9, em Ribeirão Preto, após autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), emitida nesta quarta-feira.
O governador de São Paulo João Doria (PSDB), o Secretário da Saúde, Jean Gorinchteyn, e o Presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, acompanharam o inicio dos estudos, onde seis voluntários selecionados passaram pelos exames de triagem necessários, no Hospital das Clínicas da USP de Ribeirão Preto, antes da aplicação da primeira dose, o que deve ocorrer nas próximas semanas.
“Hoje estamos iniciando o estudo clínico da ButanVac, que tem desenvolvimento tecnológico do Instituto Butantan, com cooperação técnica de outras instituições internacionais. É uma vacina brasileira, cujo insumo, envase e aplicação serão feitos aqui no Brasil, sem necessidade de importação de nenhum item, principalmente o IFA (Insumo Farmacêutico Ativo)”, disse Doria.
“É a primeira vacina nacional contra o coronavírus. Poucos são os países que chegaram à vacina. Temos mais de 10 milhões de doses prontas aguardando a conclusão desse estudo que se inicia hoje. Isso é um estudo que certamente ficará na história da ciência e da saúde pública do Brasil”, destacou Dimas Covas.
As fases 1 e 2 dos ensaios clínicos da ButanVac serão divididas nas etapas A, B e C. Na etapa A, realizada na Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto, participarão 418 voluntários que vão receber vacina ou placebo, com objetivo de verificar a segurança do imunizante. Já as etapas B e C terão como objetivo avaliar a resposta imune e envolverão mais de 5 mil voluntários.
Farão parte do estudo inicialmente pessoas com mais de 18 anos não vacinadas e que não foram expostas ao vírus. As etapas seguintes também irão envolver pessoas vacinadas, independentemente do imunizante, e pessoas que tiveram COVID-19. A previsão é que a pesquisa dure em torno de 17 semanas. As conclusões do estudo serão remetidas à Anvisa para solicitar a autorização de uso emergencial da ButanVac.
A Butanvac se baseia em uma tecnologia que utiliza o vírus da Doença de Newcastle (que ataca apenas aves)geneticamente modificado. Esse desenvolvimento foi feito por cientistas da Icahn School of Medicine at Mount Sinai, em Nova York. O vírus da doença aviária funciona como um vetor viral da proteína Spike do coronavírus de forma íntegra. É assim que a vacina deve conseguir uma resposta imune.
Por ser produzida usando ovos de galinha, uma tecnologia conhecida para a fabricação das vacinas contra a gripe, a Butanvac consegue ser feita de ponta a ponta no Brasil, sem a dependência de importação de matéria-prima, e de forma mais barata, segundo o Butantan.