A Câmara dos Deputados realizou na segunda-feira (7) sessão solene para homenagear o aniversário de 103 anos de nascimento de Ulysses Guimarães (1916-1992).
Presidente da Casa por duas vezes, inclusive durante a Assembleia Constituinte que elaborou a Constituição de 1988, ele cumpriu 11 mandatos seguidos e ficou conhecido como “pai da Constituição Cidadã”.
Um dos principais líderes nas campanhas pela redemocratização do país, nos anos 80, e candidato à presidência da República em 1989, pelo então PMDB, Ulysses morreu em 12 de outubro de 1992, vítima de acidente aéreo quando o helicóptero em que viajava de Angra dos Reis (RJ) para São Paulo caiu em alto-mar. Seu corpo nunca foi encontrado.
Vários políticos participaram da sessão solene. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), destacou que Ulysses foi dos personagens mais importantes da política nacional no século 20, tornando-se símbolo do parlamento por sua atuação decisiva em períodos difíceis da história brasileira.
“Em diversos momentos de crise, ele colocou-se a serviço da Nação, desempenhando, por exemplo, os papéis de líder da oposição ao governo militar, de Senhor Diretas Já e de grande responsável pela elaboração da Constituição de 88”, assinalou.
Para Maia, a obra maior de Ulysses é a Constituição Cidadã, “magnífico documento de liberdade, dignidade e justiça social”. “Nada mais do que justo que a gente possa fazer essa homenagem aqui hoje, junto com o MDB
[partido de Ulysses]
, e que isso simbolize esse novo momento da política brasileira, o novo momento da democracia brasileira e que a Câmara se espelhe nesse espetacular exemplo do passado”, disse.
Em 5 de outubro de 1988, ao promulgar a Constituição, disse Ulysses em seu memorável discurso: “Quanto a ela, discordar, sim. Divergir, sim. Descumprir, jamais. Afrontá-la, nunca. Traidor da Constituição é traidor da Pátria”. (Ver Ulysses Guimarães: “Traidor da Constituição é traidor da Pátria”).
Segundo o ex-presidente e ex-senador José Sarney, “ninguém, mais do que Ulysses Guimarães, viveu o espírito do Congresso e da Câmara dos Deputados”. Ele ressaltou ainda o grande apego do líder político às questões populares, lembrando que em todos os momentos de crise o deputado tinha como jargão a frase “vamos ouvir a voz das ruas”.
“Ulysses tinha o fascínio das ruas. A ninguém ele devotou maior fidelidade: a opinião da rua era a opinião do povo e o povo era seu único guia”, afirmou.
Eleito presidente do MDB no domingo (6) e autor do requerimento para a homenagem, o deputado Baleia Rossi (SP) destacou que Ulysses Guimarães teve a coragem de enfrentar o regime militar. “O Dr. Ulysses, na sua coragem, enfrentou o sistema e conseguiu plantar uma semente da democracia desde lá atrás. Em 1984, o Dr. Ulysses comandou talvez a maior manifestação popular desse país, que foi o movimento das Diretas Já. Com muita serenidade, tentando pacificar o país, que estava dividido”, lembrou.
Outros nomes do MDB participaram da homenagem, como o ex-deputado Mauro Benevides, a presidente do MDB Mulher, a ex-deputada Fátima Pelaes, o presidente da juventude Assis Filho e o senador Eduardo Braga, líder do MDB no Senado.
Antes da sessão, foi inaugurada uma escultura com 1,80m de altura de Ulysses na entrada do plenário, que leva seu nome. A obra, em bronze, é do artista Clauberto dos Santos e foi doada à Câmara pela Fundação Ulysses Guimarães, centro de estudos e pesquisas do MDB. O Dr. Ulysses, como era conhecido, nasceu em 6 de outubro de 1916, em Rio Claro (SP).
W. F.
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