Perfis foram remunerados por anúncios sobre coronavírus, sarampo e aids, entre outros, com base em ferramenta do Google que direciona polpudas verbas publicitárias públicas
Tudo em casa. O governo federal cortou as verbas publicitárias para os chamados jornalões e as direcionou para amigos bolsonaristas. Esses recursos, agora, irrigam blogs, sites e portais bolsonaristas.
O Ministério da Saúde, por exemplo, pagou R$ 79.577 em anúncios em canais bolsonaristas no YouTube. Alguns desses são investigados sob suspeita de divulgarem as chamadas fake news, entre o final de 2019 e ao longo de todo o ano de 2020.
Os dados, obtidos via LAI (Lei de Acesso à Informação), constam na discriminação da pasta, de todas as inserções de anúncios feitos por meio do Google AdSense desde janeiro de 2019, início do governo do presidente Jair Bolsonaro.
Em 2021, o ministério não fez nenhuma campanha para anúncios em redes sociais. Na lista de canais que mais receberam verba pública estão: O Giro de Notícias, que arrecadou R$ 13.119, com as propagandas governamentais; o BR Notícias (R$ 11.708); o Folha Política (R$ 11.464); e o Foco do Brasil (R$ 10.491).
O canal Brasil Acima de Tudo foi o campeão nos números de inserções de anúncios — foram 38 na soma de todas as campanhas feitas pelo Ministério da Saúde.
INVESTIGAÇÃO ABERTA PELO TSE
Os canais O Giro de Notícias e o Folha Política estão entre os 11 que tiveram a monetização suspensa este ano em investigação aberta pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), sob suspeita de disseminação de fake news sobre as urnas eletrônicas e o sistema eleitoral brasileiro, conforme mostrou https://headtopics.com/us.
Entre os canais que tiveram a remuneração bloqueada pelo TSE também aparecem o Te Atualizei e o Vlog do Lisboa (veja quadro abaixo).
As campanhas do Ministério da Saúde que contribuíram com o caixa dos canais bolsonaristas foram sobre o coronavírus, febre amarela, prevenção à gravidez na adolescência, Dia Mundial de Luta Contra a Aids, prevenção permanente às IST (infecções sexualmente transmissíveis), sarampo e influenza.
BOAS REMUNERAÇÕES COM DINHEIRO PÚBLICO
A remuneração desses sites é feita com base em alguns critérios, entre esses o número de visualizações.
Alguns desses perfis, que basicamente divulgam notícias com viés, por óbvio, favorável ao governo Jair Bolsonaro e às teses do bolsonarismo, têm mais de um milhão de inscritos, como o Giro de Notícias (1,26 milhão), o Te Atualizei (1,47 milhão) e o Folha Política (2,6 milhões).
Quando algum usuário do Google AdSense cria campanha para veicular anúncios, ele não escolhe diretamente em quais canais ele quer que as peças sejam exibidas, mas indica filtros para que determinado público-alvo seja atingido.
Segundo o Ministério da Saúde, “as campanhas foram programadas para impactar usuários da plataforma que se enquadram na segmentação aplicada e que eventualmente consumem conteúdos ali disponibilizados”, explicou em documento.
M. V.