
As centrais sindicais CUT, CTB, Força Sindical, CSB, UGT e NTST farão manifestações em todo o país contra os juros altos, na terça-feira (18), véspera da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), que deve definir a nova taxa de juros. O ato principal acontece em São Paulo, em frente à sede do BC, e também vai contar com a participação da Campanha contra a Carestia, movimento que combate a alta no custo de vida.
Para o presidente da CUT, Sérgio Nobre, os juros altos tiram recursos financeiros da produção e vão para a especulação. “Nenhuma empresa, de nenhum porte, de grande a pequena, consegue um ganho real de 10%, como ganha quem investe em papéis que remuneram de acordo com a taxa Selic. Isso faz com que o dinheiro não vá para investimentos e para a construção de novas fábricas e empresas que gerem empregos e façam a economia crescer, o dinheiro circular e chegar às mãos do trabalhador”, afirma.
Ressaltando que o Brasil tem uma das mais altas taxas de juros do mundo (13,25%), o presidente da Força Sindical, Miguel Torres, questiona: “Até quando vamos aguentar isso?”.
Segundo Miguel Torres, apesar de termos um novo presidente no BC, “manter os juros nas alturas é uma atitude velha e proibitiva, insana”, diz o líder sindical.
“Exigimos juros baixos já”, diz, reforçando que, além de exigir a redução dos juros, os manifestantes vão reforçar o apoio à proposta de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.
“Uma promessa de campanha do presidente Lula que, vale lembrar, foi um dos itens aprovados pela nossa CONCLAT em 2022. Garantir essa isenção representa mais dinheiro no bolso da classe trabalhadora, mais fomento na economia do nosso país e é um passo importante no caminho da tão almejada justiça tributária, que passa também pela tributação dos ricos, dos muitos ricos, que, aliás, proporcionalmente, contribuem muito pouco”, acrescenta.
De acordo com a CTB, “a alta taxa de juros, atualmente em 13,25% ao ano, prejudica o investimento produtivo e causa uma transferência de riqueza dos mais pobres para os mais ricos”.
“É importante que todas as pessoas se manifestem na terça-feira contra os juros altos, de alguma forma. Se não puder ser presencialmente, que seja em suas redes sociais”, convoca a vice-presidente da CUT e presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), Juvandia Moreira.
Em São Paulo, o ato acontece na Avenida Paulista, em frente ao BC – terça (18), às 10h.
CAMPANHA CONTRA A CARESTIA
A Campanha Contra a Carestia, movimento que integra mais de 50 entidades, entre Confederações, Federações, Sindicatos e organizações estudantis, também estará em frente ao BC, ao lado das centrais sindicais, contra os juros altos.
Para uma das coordenadoras do movimento, a diretora da Federação de Mulheres Paulistas e ex-vereadora Lídia Correa, “essas taxas são inaceitáveis, e permanecem graças à pressão do rentismo”.
De acordo com Lídia, “país algum prospera com essas medidas. O Brasil não pode aceitar viver apenas das exportações de commodities. Temos como mudar isso, através dos movimentos popular e sindical. Se a gente bater firme, Lula vem junto”, diz.
O movimento, que vê nas altas taxas de juros um dos motivos para o aumento do preço dos alimentos lançou uma Carta onde enumera ações para baratear os alimentos, que afirma: “A justificativa para esse aumento de preços vai desde ‘a subida do dólar’, ‘a sazonalidade da produção’, ou ‘fatores climáticos’, mas, na verdade, acontece pelo total descontrole sobre a especulação financeira que tomou conta do setor agrícola no Brasil, associado às mais altas taxas de juros do mundo, mortais para os produtores. Em todo o mundo a soberania alimentar é tratada como assunto estratégico de Estado, assim como a defesa militar, segurança pública e proteção à infância”.