Mesmo com o fiasco do “desfile de tanques”, Bolsonaro volta a inventar mentiras sobre fraude nas eleições de 2018 que teriam sido abafadas pelo TSE. Provas, como sempre, nenhuma
Após o fracasso da chantagem que tentou fazer sobre o Congresso Nacional pela volta do voto impresso e da apuração manual com o objetivo de fraudar as eleições do ano que vem, Bolsonaro desrespeitou o compromisso cobrado pelo presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (Progressistas-AL), de que todos deveriam aceitar o resultado final da votação. Disse que perdeu porque foi chantageado.
O fiasco do “desfile de tanques” na manhã da terça-feira na Esplanada dos Ministérios e a surra que ele levou na votação ocorrida na Câmara dos Deputados à noite abortaram o plano do chantagista de criar tumulto nas eleições presidenciais. Em queda nas pesquisas, ele preparava o terreno no Brasil para repetir o mesmo vexame que o seu guru, Donald Trump, deu nos Estados Unidos. O milionário lunático perdeu a eleição, inventou que houve fraude, e invadiu o Capitólio. Acabou tendo que sair corrido da Casa Branca.
Derrotado no voto, Bolsonaro voltou a atacar a Justiça Eleitoral, dando sinais de que vai insistir em seu plano fascista de provocar tumulto nas eleições do ano que vem. Para Bolsonaro, as eleições só serão limpas, se ele for o vencedor.
Mesmo perdendo no Congresso, ele mentiu a apoiadores, na manhã desta quarta-feira (11). Disse que a metade dos deputados votou em “eleições limpas”. Isso é mentira e não corresponde ao verdadeiro resultado da votação.
A verdade é que apenas 229 deputados seguiram seus planos golpistas contra a democracia. Os 218 que votaram contra o golpe, mais os 65 parlamentares que não compareceram para votar, o que significa rejeição às intenções do Planalto, e uma abstenção, somam 284 parlamentares que rejeitaram os planos de tumultuar a eleição. Uma maioria folgada. Ainda mais para quem precisava de 308 votos.
Com a derrota na votação da PEC, o golpista viu reduzido o espaço para a confusão que ele planejava criar no ano que vem. “Resolveram votar com o ministro lá, presidente do TSE (Luis Roberto Barroso)”, reclamou Bolsonaro, acusando o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Luiz Roberto Barroso, a oposição, etc, de fazer chantagem. Reclamações à parte, o fato é que o povo conseguiu garantir eleições limpas no ano que vem. Foi uma vitória importante para o Brasil.
Inconformado, ele inverteu tudo e inventou que quem foi chantageado foi ele e o seu grupo. Segundo o capitão cloroquina, “metade dos que votaram contra são de esquerda. A outra metade, votou chantageada”. São duas mentiras. Primeiro, não foi metade. Como dissemos, foi bem maior o número de deputados que ajudou a enterrar os planos golpistas.
E, segundo, quem ameaçou com recados e fez a palhaçada de colocar tanques em Brasília no dia da votação foi ele. A oposição não teve nada com isso. Contra a chantagem de Bolsonaro, ela simplesmente argumentou que a urna eletrônica é segura e perfeitamente auditável e que a proposta de Bolsonaro era apenas um pretexto para o golpe. O mesmo fez o TSE e o ministro Barroso ao desmontar as fake news espalhadas contra as urnas eletrônicas pela milícia de Bolsonaro.
Ele seguiu insistindo nas surradas mentiras contra a votação eletrônica. Inventou que “um hacker ou grupo de hackers ficou de janeiro a novembro dentro do TSE”. Confessou que não tinha provas de nada, mas afirmou que ele [o hacker] “teve acesso ao código-fonte” e insinuou que o TSE teria escondido tudo isso. “Mesmo com o inquérito da PF correndo solto, quando a PF pediu os logs, as impressões digitais, o próprio TSE disse que eles foram apagados”, afirmou. “Ele limpou a cena do crime”, seguiu mentindo o presidente.
Sem o menor compromisso com a realidade e sem nenhuma prova, Bolsonaro afirmou também que “hackers foram contratados em 2018 para roubar 12 milhões de seus votos e como não foram pagos pelo serviço, resolveram denunciar”. “A questão que ocorreu em 2018, foi o hacker que denunciou. Esse cara ficou oito meses lá dentro, primeiro turno, segundo turno. É a história que se aproxima da verdade. Repito, não tenho provas”, disse Bolsonaro. Ou seja, ele inventa uma mentira e ele mesmo confessa que não tem prova de nada do que está dizendo.
Ainda desorientado com a votação de ontem, ele prosseguiu em suas lorotas. “Esses hackers foram contratados por quem tinha interesses nas eleições e teriam que desviar 12 milhões de votos meus. E os hackers fizeram seu trabalho, mas quando as eleições acabaram, isso não foi suficiente para o outro lado ganhar (…) O que aconteceu com esse lado que contratou o hacker? Repito, não tenho provas. Como o outro lado não ganhou, resolveram não pagar os hackers, e eles resolveram denunciar. Ninguém ficou passeando dentro dos computadores do TSE (…), e o TSE, no meu entender, poderia estar sabendo disso e deixou correr frouxo”, afirmou.