O embaixador da China em Israel, Du Wei foi encontrado morto em sua cama e, segundo as primeiras informações, deve ter falecido durante o sono. Seu corpo foi encontrado em sua residência em Tel Aviv no domingo, dia 17, por funcionários da embaixada.
O embaixador tinha 58 anos de idade e deixou esposa e um filho. Ele foi enviado a Israel em fevereiro. A Estrela de David Vermelha (Cruz Vermelha israelense) enviou equipe de pronto-socorro que informou que a causa de morte “parece ser um incidente cardíaco”.
No mesmo dia, o governo chinês informou do falecimento destacando que “Du Wei aparentemente faleceu de causas naturais, mas se faz necessário examinar todos os detalhes”.
Segundo fontes citadas pelo jornal israelense Haaretz, a equipe deve partir da China na segunda, 18 e deve conduzir uma investigação interna e também preparar o corpo para retorno à China onde ocorrerá seu funeral.
A equipe chinesa foi liberada dos 14 dias de quarentena que estão sendo exigidos de qualquer estrangeiro que chegue a Israel, segundo adiantou o Ministério do Exterior israelense.
O diretor-geral do Ministério do Exterioir, Yuval Rotem, informou que se dirigiu ao embaixador adjunto, Dai Yuming, para expresser suas condolências e declarou que o Ministério está à disposição para ajudar “em qualquer questão que necessitarem”.
Embaixadas de todo o mundo estão entrando em contato com o Ministério do Exterior de Israel pedindo detalhes acerca das circunstâncias que levaram ao falecimento de Du Wei.
Na sexta-feira, a embaixada da China respondeu ao secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo que, durante sua visita a Israel, na semana passada, repetiu às mentiras de Trump de que a China teria segurado informações, deixando de alertar o mundo sobre o surto de coronavírus, chamando as acusações de “absurdas” e, em comunicado especial, acrescentou que “os cientistas ainda não identificaram a origem do Covid-19” e que a China nunca escondeu o fato de que havia um surto da doença no país e ainda que “os Estados Unidos é que são, agora, o epicentro da pandemia”.
A embaixada também rechaçou os “avisos” de Pompeu acerca dos investimentos chineses em Israel e que tais investimentos poderiam significar um risco à segurança de Israel, particularmente na área de infraestrutura, afirmando que “a China é digna de confiança”. Os chineses construíram um impressionante túnel que liga Haifa à Galileia e realizam uma série de obras de modernização no porto de Haifa.
No mês de abril, o embaixador chinês concedeu entrevista ao jornal Makor Rishon contando que chegou a Israel em meados de fevereiro e atendeu à norma de 14 dias de quarentena devido ao surto na China. Em março ele recebeu suas credenciais diplomáticas mas, por causa da pandemia, ele não se encontrou com o presidente Reuven Rivlin como é a praxe em Israel.
Na entrevista, Du Wei expressou sua esperança de que contribuiria para estreitar os laços entre Israel e a China. “Assumi meu posto em momento extraordinário quando a China estava lutando contra a Covid-19. Imediatamente, depois de minha chegada, entrei nos 14 dias de quarentena em minha nova residência, evitando qualquer contato direto com meus colegas de embaixada. Eu quero enviar uma mensagem aos meus amigos israelenses de que a China é um país responsável, que obedece as leis e valoriza a verdade”.
“Há diferentes vozes com relação à luta da China. No início, algumas vozes foram condescendentes e até pareciam se alegrar com nosso sofrimento. Mais tarde, quando a doença se espalhou pelo mundo, essas vozes começaram a exigir que “a China deveria se desculpar”. Isso é busca de bode expiatório. Ao longo da História, isso aconteceu muitas vezes, quando as causas de doenças eram erroneamente imputadas a grupos específicos de pessoas, o que é inaceitável e deve ser condenado. A doença é o inimigo da Humanidade e o mundo deve lutar unido”, acrescentou na ocasião o embaixador.
Também nessa entrevista, Du Wei tratou da questão dos investimentos chineses em infraestrutura e manifestou a esperança de que “a cooperação vá mais longe”.
Dias antes do falecimento de Du Wei, o jornal Haartetz divulgou artigo onde se afirma que o real motivo da visita de Pompeo a Israel em meio à pandemia não estaria conectada apenas à questão referente a ideia de Netanyahu de anexar território palestino e que o verdadeiro motivo da viagem seria pressionar o governo israelense contra a aproximação com a China.