A partir das 16 horas do dia 8 de Julho, cientistas se reunirão em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista na capital paulista, para protestar contra os sucessivos cortes no orçamento que estão tornando a atividade científica inviável no Brasil.
“Os cientistas brasileiros trabalharam incansavelmente nos últimos dois anos, mas o financiamento das pesquisas só caiu. Agora, a ciência brasileira precisa de você! Venha para a marcha pela ciência em 8 de julho, às 16 h, na frente do MASP, na avenida Paulista. Defenda a Ciência. Negacionismo nunca mais”, diz o comunicado da marcha.
A doutora Mariana Moura, fundadora do movimento Cientistas Engajados, destacou ao HP que a marcha tem a finalidade de mobilizar a população para barrar os cortes da ciência pelo país e contra o negacionismo.
Ela denuncia que a falta de financiamento está causando a fuga de cientistas do Brasil.
“A necessidade da Marcha é que sem mobilizar a comunidade científica, a gente não vai conseguir reverter a queda brutal no financiamento da ciência, que foi verificada nos últimos quatro anos especialmente. Já estava havendo cortes desde 2013, mas esses cortes dos últimos quatro anos tem tido um impacto muito grande na saída de pesquisadores do Brasil, chamada ‘fuga de cérebros’, até saiu uma pesquisa recente sobre a fuga de cérebros no Brasil, onde tem aumentado muito nos últimos anos, da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), e sem se mobilizar a gente não vai conseguir reverter esses cortes, tanto na área da ciência quanto na educação, quanto na saúde”, disse Mariana.
“Esse é o momento da ciência, dos cientistas, dos pesquisadores e da população em geral, para dizer um basta contra o negacionismo no Brasil, contra os cortes na ciência, na tecnologia, na educação e na saúde e lutar agora por mais investimento nessa área para que a gente possa voltar a ajudar o Brasil a crescer”, continuou.
DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA
Mariana tem realizado uma série de debates nas universidades e entidades do Estado abordando a questão do financiamento da ciência e retomando a discussão para pressionar por mais verbas nas pesquisas e tecnologias brasileiras.
“Temos feito debates nas universidades, tanto aqui na capital, quanto no interior do Estado, levando dados sobre os resultados do meu pós-doc sobre o financiamento da ciência e sobre como sofremos uma queda muito grande, muito brutal nos últimos dez anos”, explicou.
“Precisamos reverter essa queda esse ano, pra já começar a reverter essa queda, mas no próximo governo, aumentar o repasse para o financiamento da ciência no Brasil”, defendeu Mariana.
ICMS
A cientista afirmou ainda que vê com preocupação o impacto da redução do ICMS no desenvolvimento científico em São Paulo. “Além das duas principais pautas da marcha, esse ano aqui em São Paulo discutiremos a liberação do Fundo Nacional pro Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), que está bloqueado pelo governo, uma boa parte dos recursos e pela rediscussão do ICMS, pela discussão sobre o futuro do financiamento das universidades estaduais paulistas e do centro Paula Souza, inclusive da FAPESP, que é feito por um percentual do ICMS que agora foi reduzido então a redução da arrecadação também vai reduzir o repasse para essas instituições e a gente precisa rediscutir esse repasse”, continuou.
“As duas principais pautas da marcha deste ano são essas e é claro, a rediscussão sobre os institutos de pesquisa aqui do Estado de São Paulo que estão sendo fechados e a gente precisa retomar esse debate dentro da Assembleia Legislativa (ALESP)”, completou Mariana Moura.