O pré-candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, afirmou na segunda-feira (13) que a proposta patrocinada por Bolsonaro para reduzir o ICMS dos combustíveis e zerar no caso do diesel “é um truque eleitoreiro criminoso”.
“Tirar dinheiro da Educação, mal e porca que se oferece ao povo brasileiro, tirar dinheiro da Saúde é um verdadeiro escárnio”, disse.
A declarações foi feita em entrevista ao podcast “O Assunto”, do G1, comandado pela jornalista Renata Lo Prete.
Ciro reforçou que Bolsonaro está castigando os Estados para favorecer o “lucro exorbitante” dos acionistas minoritários da Petrobrás.
“O que é que o governo Bolsonaro está fazendo? Tirar dinheiro da Saúde e da Educação que são providos basicamente pelos Estados e municípios, porque os municípios têm uma cota-parte desse ICMS, para financiar o lucro exorbitante, selvagem, desse acionista minoritário”, denunciou o ex-governador e ex-ministro da Fazenda.
“E não é para resolver o problema, é para atravessar o período eleitoral. Tenha paciência, é até dezembro”, questionou.
O presidenciável enfatizou que a medida do governo Bolsonaro, para passar o período eleitoral, não resolve o problema do alto preço dos combustíveis e ainda quebra os Estados. “E como é que vão os Estados? 23 dos 27 estados e o Distrito Federal, incluindo, estão na linha d’água. Estão quebrados”.
Ciro ainda aproveitou para criticar o projeto recém-aprovado pelo Congresso que torna penhorável pelo banco a casa da família. Para Ciro, esse projeto é contra o “interesse público brasileiro”. “Transformar um bem de família uma coisa penhorável por banco, isso é uma coisa enojante. Isso sempre foi uma coisa inpenhorável”, frisou.
Ciro disse ainda que, se eleito, irá propor mudanças profundas nos primeiros seis meses de governo e defendeu a criação de um programa de renda mínima para combater a fome no país.
O presidenciável observou que atualmente, no governo Bolsonaro, existem 33 milhões de pessoas passando fome no país, “e apenas uma de cada quatro crianças no Brasil faz três refeições por dia”.
Segundo dados do 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, elaborado pelo Ministério da Saúde, somente uma em cada quatro crianças atendidas nos Serviços de Atenção Básica fazem as três principais refeições diárias – café da manhã, almoço e jantar.
Ciro abordou também o problema da inadimplência, referindo-se ao levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) que mostra que o número de brasileiros endividados bateu novo recorde em abril.
“Você tem hoje 77,8% das famílias brasileiras no limite recorde de endividamento: 65 milhões de inadimplentes, 65 milhões de pessoas humilhadas no SPC. E isso também vale para o universo empresarial: 6 milhões de empresas estão no Serasa”, disse.
O pré-candidato fez ainda duras críticas à forma como Jair Bolsonaro enfrentou a crise sanitária provocada pelo novo coronavírus.
“Nós temos uma pandemia absolutamente trágica. O Brasil tem 3% da população mundial e morreram aqui 11% das pessoas que morreram no mundo”, lembrou. “E esse crime foi cometido pelo senhor Jair Messias Bolsonaro”, disparou.
“Os responsáveis por essa tragédia no Brasil vão pagar na proporção exata, assegurado seu amplo direito a defesa, a sua presunção de inocência, vão pagar”, afirmou.
Na avaliação de Ciro, o golpe que Bolsonaro planeja contra a democracia “é um delírio”. “Isso não vai acontecer, por que? O Bolsonaro não vai tentar? Ele vai tentar acumular forças [para isso], visualizar o cenário, ele tem muita gente dando força nessa trempe fascistóide que está ao lado dele”. “Mas ele não tem a base, nem na sociedade, não um grupo de imprensa, ao contrário de 64 que estavam todos com o golpe”.
“Não há uma comunidade internacional minimamente relevante, na comunidade européia, na China, que é a nossa maior compradora, nos EUA que é o nosso segundo maior comprador do Brasil, que suporte um golpe. Então a condição objetiva, interna e externa, inviabiliza o delírio que Bolsonaro tem na cabeça”, explicou.