
“O fechamento da fábrica de fertilizantes da Petrobrás no Paraná, com a demissão de mil funcionários, foi a gota d’água para o início da greve do petroleiros”, afirmou Fernando Siqueira, diretor da Associação dos Engenheiros da Petrobrás, (Aepet), ao dar seu apoio ao movimento, em entrevista a TV 247.
Ele denunciou o desmonte da estatal e disse que a greve dos petroleiros “é hoje a única forma de denunciar o desmonte da Petrobrás”.
Siquiera destacou que “há muito tempo vem ocorrendo um desmonte da Petrobrás”. “Eu diria que começou no governo Dilma, naquele movimento de junho de 2013”, afirmou o dirigente da Aepet. “A pressão foi muito grande em cima da presidente, a popularidade dela caiu de 70 para 30%, ela se apavorou e leiloou o Campo de Libra, um dos maiores campos do pré-sal brasileiro por um preço extremamente ruim para a União”, acrescentou Fernando Siqueira.
“Foi entregue um campo que já era descoberto pela Petrobrás. De lá para cá a coisa vem piorando. O governo Temer foi um desastre, ele fez um decreto que permite ao presidente da Petrobrás vender as subsidiárias sem ouvir o Congresso”, denunciou.
Fernando salientou que somente por lei a Petrobrás podia vender subsidiárias. “O Congresso tem que ser ouvido quando a Petrobrás vende subsidiária”, lembrou. “O decreto saiu em 1º de novembro de 2018, em pleno feriado de finados.
“De lá para cá foi uma série de leilões. Por exemplo a Petrobrás detinha 60% do Pré-sal e caiu para 41%. Houve um projeto do José Carlos Aleluia para a Petrobrás vender a cessão onerosa. Com isso cairia para 28% a participação”, observou o dirigente da Aepet.
“Castelo Branco está dando continuidade ao desmonte”, denunciou Siqueira. “Ele vendeu a Liquigas, vendeu a NTS, a malha de gasodutos do sudeste que transporta o gás do pré-sal. Se você não escoar a produção do gás, vai parar a produção de petróleo. É uma dilapidação do patrimônio do povo”, prosseguiu Fernando.
O dirigente da Aepet falou ainda sobre a venda das refinarias. “Castelo Branco quer vender oito refinarias. Disse que a Petrobrás tem que ficar só com 50% da capacidade de refino. Hoje o parque de refino tem capacidade para refinar 2,3 milhões barris por dia. A Petrobrás já produz 3 milhões de barris por dia. O refino já está abaixo da capacidade”, observou.
“Em 2026, a Petrobrás vai dobrar a produção. Vai produzir 5,5 milhões de barris por dia. Teria que incentiva a construção de refinarias. Mas não é isso o que ocorre. Eles vão entregar as refinarias para grupos que não querem construir novas refinarias”, denunciou Siqueira.