Os trabalhadores da saúde da França saíram às ruas numa jornada de mais de 220 manifestações em todo o país para exigir ao governo de Emmanuel Macron aumento nos salários e investimento no sistema sanitário.
A manifestação mostra que os funcionários do setor não se dizem satisfeitos apenas com os dados que apontam uma diminuição nas mortes e nos números de contágio do Covid-19.
Milhares de pessoas se reuniram frente ao Ministério da Saúde em Paris cobrando mais contratações e um orçamento que coloque o sistema de saúde em condições de sustentar o tratamento dos problemas da população. Atrás de uma grande faixa que dizia: “É urgente atuar”, marcharam médicos, auxiliares de enfermaria, ajudantes domésticos e alguns ‘coletes amarelos’, protagonistas de manifestações anteriores.
O governo francês pagou um bônus de 1.500 euros, mas os trabalhadores do sector afirmaram que não foi suficiente porque durante meses tiveram seus turnos dobrados para poder atender os pacientes infectados, sem conseguir dar conta em muitas situações.
“O tratamento da pandemia, da crise, dentro dos hospitais foi possível porque cada trabalhador estava dedicado totalmente (…) Estou revoltada porque estão tentando nos acalmar com caridade. E não é falta de dinheiro, muitos milhares vão para questões que não tem nada a ver com a população”, disse Justine Debrie, uma enfermeira de 29 anos presente na manifestação.
No final de maio, o governo lançou o chamado “Ségur de la santé” (seguro da saúde), que deveria materializar, no início de julho, um plano “massivo de investimento e atualização” prometido pelo presidente. Porém, dezenas de sindicatos e entidades sociais não confiam em Macron e convocaram as mobilizações para garantir que as promessas se cumpram.
O secretário-geral da central sindical Força Obreira assinalou que “é absolutamente essencial que as respostas estejam à altura das expectativas” e compreendam “todos os funcionários”. Já o dirigente da Confederação Geral do Trabalho, Philippe Martínez, sublinhou as reivindicações:
“Estamos esperando um aumento nos salários e o reconhecimento das qualificações. Estamos esperando a abertura de leitos, a contratação de pessoal, que não se considere que o dinheiro que ingressa no hospital é uma dívida, pelo contrário, é um investimento”, explicou.
Houve alguns distúrbios. Em Paris, as autoridades denunciaram uma infiltração de vândalos nos protestos, em sua grande maioria pacíficos, e informaram que a polícia lançou gás lacrimogêneo para dispersar a multidão. “Grupos violentos estão tentando de interromper uma manifestação pacífica de trabalhadores da saúde”, disse a Prefeitura em mensagem publicada no Twitter, informou o site France 24.