Este é o 36 º assassinato em massa registrado no país durante este ano
Um reservista do Exército dos Estados Unidos invadiu um boliche em Lewiston, no Maine, e abriu fogo matando ao menos 16 pessoas e ferindo dezenas com tiros de fuzil no início da noite desta quarta-feira (25). A rede de televisão NBC informou inicialmente terem sido 22 mortos, mas logo corrigiu os dados. Pela gravidade das lesões provocada pelo fuzil semiautomático, a expectativa dos profissionais do Centro Médico da cidade é de que o número de óbitos aumente.
No momento do ataque havia cerca de 150 adultos e 20 crianças no boliche. O banho de sangue provocou uma fuga em massa dos clientes, fazendo com que as pessoas continuassem trancadas em suas casas nesta quinta-feira, estudantes não fossem às aulas e centenas de policiais se mantivessem alertas.
As informações da polícia apontam que o assassino, Robert Card, de 40 anos, é instrutor de um centro de treinamento com um histórico de doença mental. Conforme o apurado, o reservista esteve internado durante duas semanas neste ano, por “escutar vozes e ameaças de disparar”.
De acordo com os sobreviventes do tiroteio, além das enormes contas médicas e do peso do trauma e da dor, as famílias terão que passar por muitas mudanças para voltar ao normal em suas rotinas, brutalmente alterada pelo contínuo crescimento da violência em todo o país. Este é o 36º assassinato em massa registrado apenas neste ano nos EUA, aponta o levantamento da The Associated Press e USA Today, em associação com a Universidade Northeastern.
O menino Zoey Levesque, de apenas dez anos, que estava no local acompanhado da sua mãe, disse que uma bala lhe passou de raspão, o que “dá medo”. “Nunca pensei que cresceria e receberia uma bala na perna. Por que as pessoas fazem isso?”, questionou.
Longe dali, Melinda Small, dona da Legends Sports Bar and Grill, disse que fechou o local assim que ouviu os tiros, colocando funcionários e clientes em segurança. “Honestamente, estou em estado de choque, mas feliz que tenhamos respondido rapidamente e todos estejam seguros. Mas, ao mesmo tempo, meu coração está partido”, declarou.
O escritor Stephen King chamou os estadunidenses à reflexão diante de massacres cada vez mais massivos e próximos entre si. “Os tiroteios ocorreram a menos de 80 quilômetros de onde moro. São máquinas de matar de tiro rápido, pessoal. Isso é uma loucura em nome da liberdade. Parem de eleger apologistas de assassinatos”, conclamou.
O estado do Maine não exige qualquer licença para o uso de armas. Tentativas recentes dos defensores do controle de armas para tornar mais rigorosas as leis estaduais sobre o porte falharam. As propostas para exigir comprovação de antecedentes para vendas de armas e criar um período de espera de 72 horas para compras também fracassaram no início deste ano.
Segunda maior cidade do Maine, Lewiston tem uma população de 37 mil habitantes, e surgiu como um importante centro de imigração africana. A população somali, que chega aos milhares, transformou a demografia da esmagadoramente branca cidade industrial numa das mais diversificadas do norte.
O massacre ocorre em um Estado de 1,4 milhão de habitantes onde ocorreram 29 mortes por homicídios no ano passado, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública.