“Foi um susto muito grande, um transtorno para os usuários. Eu senti, da hora que o trem partiu da estação Mendes, um cheiro de queimado, mas ninguém se manifestou. Só que quando chegou na estação Autódromo, que aí a fumaça apareceu num vagão depois do meu, foi aí que eles se tocaram e todo mundo desembarcou. Então virou um inferno”.
O relato é de uma usuária da Linha 9 – Esmeralda da CPTM para descrever os problemas enfrentados por ela e demais passageiros em razão de um princípio de incêndio em um trem onde em ela se deslocava nesta quarta-feira (7).
O site https://www.diretodostrens.com.br, que informa em tempo real sobre alteração de horários e outras ocorrências nas linhas do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitano, menciona apenas uma “manutenção programada” que fez com que os trens circulassem com maiores intervalos neste dia.
“Devido à manutenção programada na região da estação Autódromo, os trens da Linha 9-Esmeralda estão circulando com maiores intervalos entre as estações Jurubatuba e Bruno Covas – Mendes Vila Natal”. O episódio ocorreu por volta das 5h30, horário de pico, segundo a passageira, mas a informação só foi registrada às 10h23.
Moradora de Parelheiros, bairro do extremo-sul de São Paulo, a representante de vendas Zélia Duarte diz que sempre sai de casa mais de 30 minutos antes. O objetivo é não chegar atrasada ao trabalho, na região da Consolação, justamente por não confiar no funcionamento da linha Esmeralda, privatizada em 2021. “Eu tenho por hábito, por não confiar – deixo bem claro isso –sair muito mais cedo para evitar os atrasos porque as empresas subsidiam a passagem do funcionário, mas elas não querem saber qual é a situação do transporte”, diz.
Ao longo do ano passado, as linhas de trem operadas pela iniciativa privada, especialmente as administradas pela Via Mobilidade, chegaram a apresentar até o triplo de falhas que as administradas pela CPTM. Desde o início de 2023, das 23 ocorrências envolvendo as linhas privatizadas, a 9-Esmeralda foi a que apresentou mais falhas. Os dados foram divulgados pelas operadoras na internet.
Apesar disso, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) insiste em continuar privatizando, inclusive serviços e bens essenciais, como água e transporte. Ele autorizou o início dos estudos para privatização das linhas 10, 11, 12 e 13. A melhoria dos serviços é uma das falácias apresentados pelo governador a favor da privatização.
